Estrada de Ferro Maricá
As locomotivas a vapor em 1936
Do Relatório de 1936 da Estrada de Ferro Maricá
Em 1936, a Estrada de Ferro Maricá recebeu uma nova locomotiva Pacific, "capaz de fazer trens rápidos de 150 toneladas de peso bruto e trens de carga de 250 toneladas nas rampas de 2%. Esta locomotiva tem grande área de grelha e boa caldeira, podendo aproveitar melhor as lenhas ruins da zona da estrada e embora não seja ainda de alta pressão, devido a não comportá-lo o standard da ferrovia, tem grande superfície direta de fornalha e superaquecedor".
No Relatório de 1936, as duas locomotivas "Consolidez 1-4-0" (Consolidation 2-8-0), de 1920, aparecem com os números 8 e 9, uma delas em estado "mau", e a outra "em reparação". Além dos itens da reconstrução das outras locomotivas, considerava-se que as Consolidation também deveriam receber superaquecedor, "passando ambos para a mesma pressão de vapor, acabando a dupla expansão existente, bem como colocar gavetas cilíndricas". Orçava-se sua "renovação" em 175 contos, incluindo tender. "Estas duas locomotivas assim renovadas poderão servir economicamente ainda uns 15 anos, podendo rebocar trens de carga com 250 toneladas de peso bruto (6 vagões de 30 toneladas ou 8 de 20 toneladas) e a despesa corresponde à terça parte da aquisição de uma nova".
Esforço de tração a 0,85
da pressão de regime (kg)
4.440
7.000
8.300
9.000
Diâmetro das rodas motoras (m)
1,05
1,12
1,37
1,05
Freio
Westinghouse
Westinghouse
Westinghouse
e Vácuo
Westinghouse
e Vácuo
Estado
Sofrível
3 Bom,
1 Sofrível
1 Mau,
1 Em reparação
Nova
1 Mau,
1 Em reparação
Pressão de regime (libra p. q.)
160
160
170
185
Área de grelha (m²)
0,8
1,4
3,6
1,9
Superfície de aquecimento (m²)
49,5
83,5
130,6
117,6
Superfície do superaquecedor (m²)
Não tem
Não tem
32,1
Não tem
Peso total da locomotiva
em marcha
26.807
33.100
52.616
45.920
Peso total do tender em marcha
12.700
26.989
29.710
13.000
Toneladas brutas rebocadas na barra do tender, a 16 km/h
Rampas de 2%
100
180
250
250
Rampas de 3%
80
100
150
180
As rampas de 2% são as de Manoel Ribeiro e variante da Serra do Calaboca
As de 3% são as da atual Serra do Calaboca
Com o aparelhamento das oficinas da ferrovia em Sete Pontes, em 1936 foi possível construir novos vagões e reconstruir dois tenders de locomotivas.
O Relatório indica que em 1936 foram feitas reparações gerais nas locomotivas 7, 101, 103, 104, além de pequenas reparações nas locomotivas 1, 3, 6 e 8.
Os reparos na locomotiva 103 incluíram o "esquadejamento do langerão, caldeira (tubulação) e movimento, tendo sido retificadas grandes diferenças que estavam afetando o movimento".
Nas locomotivas 101 e 104, "os reparos atingiram todas as peças, podendo-se classificá-los como reconstrução. Houve necessidade de arrancar toda a tubulação, restaurar a solda os espelhos de ambas, descravar os langerões, fazer neles diversas soldas, além de substituir em ambas o back foot plate os eixos motores e conjugados e dois centros de rodas motoras que tinham dois terços dos raios partidos". Até as válvulas de segurança e bombas de freios foram totalmente restauradas nas oficinas da ferrovia. Nas experiências de tração, após a reconstrução de ambas, as caldeiras foram testadas a 280 libras.
Estando a totalidade dos tenders das locomotivas da Estrada de Ferro Maricá necessitando substituição, os preços orçados pelas principais fábricas norte-americanas ficaram muito além das possibilidades da ferrovia. Decidiu-se, então, iniciar a construção de caixas e estrados de tenders.
Isso permitiu ampliar a capacidade de água, de 10 para 12 m³, dar maior espessura às chapas dos tanques e ampliar o espaço para combustível. Para comportar a nova caixa, foi necessário reconstruir o truque, substituindo as guias do travessão de ferro fundido por guias de ferro batido construídas a solda elétrica. Foram aproveitados apenas engates, parte do freio, dos truques e os rodeiros. Havia previsão de construir outros quatro tenders.