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Fotografando fotografias

Eduardo Coelho – Centro-Oeste dc-14-15 – 30-Jun-1991

No Rio de Janeiro, são relativamente poucos os laboratórios fotográficos que ainda trabalham em preto e branco (P/B) e, destes, apenas alguns fazem comercialmente o serviço de reprodução de antigas fotos — fotografar, revelar e, opcionalmente, copiar/ampliar.

Como a demanda por esse tipo de serviço é pequena, estes poucos laboratórios fazem um triste cartel de preços entre si, com uma "tabela" seguida fielmente, exceto por pequenos descontos ou promoções "até amanhã", que na prática pouco reduzem o alto preço cobrado.

A foto anexa foi tirada de uma foto pertencente ao acervo do Preserfe/RFFSA. Mostra uma das imensas locomotivas articuladas 2-8-8-4 de bitola métrica da EF Central do Brasil, n° 1307, fabricada na Alemanha, em 1937, pela Henschel (n° 23448) e transferida, em 1953, para a EF Goiás.

Insatisfeito com esta situação, resolvi fazer uma pesquisa sobre o que seria necessário, para fazer as fotos em casa. De início, por opção pessoal, descartei a idéia de revelações caseiras, já que implicariam em toda uma infra-estrutura, como sala escura, produtos químicos tóxicos etc. Concluí que a revelação pura e simples (sem cópia/ampliação em papel) é a parte mais barata de todo o processo, e continua valendo a pena mandar fazê-la em um bom laboratório comercial.

Passei então a examinar a questão das cópias/ampliações, também descartando a idéia de fazê-lo em casa, apenas por conveniência pessoal do momento. Entretanto, o custo atual de uma cópia em P/B é muitas vezes superior ao da cópia colorida, já que esta se tornou um processo automatizado — e a cópia/ampliação P/B é manual.

Resta, então, o recurso da cópia de contato, ou prova de contato. É literalmente a salvação: o laboratório copia várias tiras de negativo, em seu tamanho natural, numa única folha de papel fosco ou brilhante (acho este melhor). O custo é 70% menor do que a cópia das fotos individuais em tamanho 9x12. É possível examinar os pequenos quadros (fotos) na prova de contato, com uma lupa, para verificar os resultados. Posteriormente, pode-se mandar ampliar as fotos escolhidas, no tamanho desejado, já certo de um bom resultado.

Mesa

Resta agora o principal, que é como fotografar uma velha fotografia avulsa, ou em livro etc.

Após várias visitas ao laboratório do local onde trabalho, optei por adquirir uma mesa de reprodução fotográfica. Numa forma mais simples, esta mesa nada mais é do que uma tábua retangular, digamos de 70 x 40 cm, de cuja ponta sai um mastro (inclinado em direção ao centro). Ao longo desse mastro, corre uma espécie de "T" metálico, onde se fixa a câmara fotográfica, com a objetiva apontada para baixo.

A foto original fica sobre a tábua da mesa. Ao deslizar o "T" pelo mastro, para cima ou para baixo, enquadra-se a fotografia que se deseja reproduzir.

Uma destas mesas pode até ser feita em casa, a partir de um tripé, ou adquirida (de preferência usada) nas boas lojas de material fotográfico. No meu caso, comprei por NCr$ 200, em 89/Ago (Cr$ 34 mil hoje), um modelo bem simples, que dizem ser de fabricação nacional, embora não tenha qualquer placa de identificação. Inclui também 2 bocais tipo spot, para o uso de lâmpadas do tipo Photo-Flood.

Esse tipo de lâmpada pode ser dispensado, caso queira-se fazer as fotos com o dia claro, ao ar livre — o resultado é bom! —, mas é indispensável para trabalhar em recinto fechado. Recomendo a lâmpada Photo-Flood de 250 Watts.

Lembro que, numa cidade que usa 110 Volts, a corrente de uma única lâmpada pode chegar a 2,5 Ampéres. É necessário usar bocais de porcelana, com fios, interruptores e tomadas adequados, e trabalhar em local ventilado, pois estas lâmpadas irradiam um intenso calor.

Estas lâmpadas podem ser encontradas nas boas lojas de material fotográfico, sendo relativamente baratas (NCz$ 10 cada, hoje Cr$ 900). Elas têm vida extremamente curta, sendo útil ter sempre sobressalentes à disposição.

Máquina

Resolvida a iluminação e o apoio para a câmara, resta o mais sensível e crucial de todos os problemas: a focalização.

   

     

Antes de falar sobre lentes e acessórios, vale lembrar que tudo isto será inútil, sem o uso de uma boa máquina fotográfica. Não tenho nada contra as atuais máquinas computadorizadas, com motor-drive etc., mas sua sofisticação não é indispensável. Para minhas reproduções, uso uma velha Asahi-Pentax Spotmatic, que dá perfeitamente para o gasto.

O importante é a máquina ter um bom fotômetro e ser de uma boa marca, garantindo disponibilidade de acessórios.

Como a objetiva normal, geralmente, tem o recurso de foco limitado a uma distância mínima de uns 45 cm entre a objetiva e o objeto visado — na prática, seria para fotografar uma folha A-4 —, temos que usar dispositivos que reduzam essa distância, permitindo focalizar uma foto até do tamanho do próprio negativo, ou ainda menor.

   
     

O recurso mais comum, para isto, é aumentar a distância do conjunto de lentes (objetiva) até o plano do negativo. O acessório mais simples e barato, para isso, são os tubos de extensão (extension tube set). Nada mais são do que três tubos ou anéis, que podem ser inseridos (individualmente ou em conjunto) entre a objetiva e a máquina. Assim, se obtém diferentes distâncias focais — distância da lente ao filme.

Caso se deseje uma variação mais linear, sem a troca constante de um ou mais tubos, pode-se usar o fole de extensão, que nada mais é do que um tubo de extensão com o aspecto de uma sanfona, ou seja, de tamanho variável. Um fole costuma ser bem mais caro que os tubos, mas tem a vantagem de ser encontrado com maior facilidade, como parte de um conjunto para cópia de slides de 135 mm.

Tanto os tubos quanto o fole têm um sério inconveniente, quando se trata de fotografar fotos de 9 x 12 cm (um tamanho muito comum), que está fora da resolução mínima de ambos — ou seja, a maior distância a que permitem foco com a objetiva normal. Sem o fole ou o tubo, por outro lado, a foto 9 x 12 está fora da resolução máxima que se pode obter com a objetiva normal, sem acessórios.

O que acabou resolvendo, para 90% dos tamanhos de fotos, é o acessório que, dependendo do tipo, tende a ser o mais caro: a "pequena" objetiva macro. Comprei uma Macro-Takumar 1:4 / 50 (a objetiva normal é 1:1 / 50), que permite foto de objetos até 23,4 cm de distância, e tem diafragma até f22 (super-fechado).

Para esse tipo de fotos, deve-se usar sempre a menor abertura de diafragma disponível na objetiva (normal ou macro), deixando o tempo de exposição ser convenientemente indicado pelo fotômetro. Como o tempo varia, geralmente, de 1/15 a 1/30 segundo, com filme Asa 100 (Fuji Neopan SS) e iluminação artificial (lâmpadas Photo-Flood), recomenda-se usar mais um acessório — o cordão disparador, para evitar tremidas na máquina ao se bater a foto.

Nestes últimos 3 meses, tenho feito uma série de reproduções de fotos antigas, com resultados muito encorajadores, visto que existem ainda uma dezena de outros macetes, que melhoram ou comprometem o resultado final.

N. R.: Esta matéria data de 89/Out, logo após a matéria no CT-11/6 sobre este assunto. Entre parêntesis, atualizamos os preços para dar uma idéia atual, mas é possível que hoje eles não estejam tão exagerados como em 89 (FRC, junho-1991).

 

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