Flavio R. Cavalcanti
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Uma locomotiva da mais avançada tecnologia está se incorporando às U5, U6, U12, G12, U23, GT26 — e algumas mais modernas, como a SD40-2 — que compõem a velha frota brasileira, tão pouco atrativa para o modelista, face às maravilhas que rodam — e têm modelos HO — lá fora.
Trata-se da locomotiva Dash-8, com 6 unidades começando a rodar na EF Vitória a Minas, e 4 unidades rodando na EF Carajás — ambas, ferrovias da Cia. Vale do Rio Doce (CVRD).
A denominação "correta" das locomotivas é um negócio muito relativo. Para início de conversa, segue convenções estabelecidas por cada fabricante, variando portanto, de um para outro. Em seguida, sofrem aquela adaptação brasileira — e não apenas na bitola...
Por exemplo, U20C, na terminologia usada pela General Electric, significa: bitola métrica (U), 2 mil HP (20), 3 eixos por truque (C-C).
De fato, porém, a adequação do projeto abrange desde a bitola de 0,914 metro até 1,676 metro (IF-40/5). E ela não deixa de ser chamada U20C,
na versão de 1,60 metro.
No caso das locomotivas "Dash", a confusão tende a ser ainda maior, pois "Dash" parece um apelido. Em inglês, significa "Traço".
Dash-7, por exemplo, significa literalmente "Traço-7". A nomenclatura oficial da fábrica é C30-7, e "Traço-7" é uma abreviação evidente.
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A coisa se complica com as Dash-8. Para início de conversa, quem imagina algo como "C30-8", já está enganado. A potência de 4 mil HP faz dela uma "40". Além disso, a sigla é invertida: chama-se 8-40C — e não C40-8, como se poderia imaginar. Não sei explicar. Alguém sabe?
Isso, quanto ao protótipo americano. Também existe por lá uma variedade chamada 8-40CW, cujas características ainda não entendi. Segundo David Bontrager, na Model Railroader de junho pp., é "the wide-nose Dash 8-40CW, the version with de North American cab". Parece fácil, mas não arrisco entender.
No caso da EF Vitória a Minas, de bitola métrica, o peso devia ser mais distribuído, com dois truques de 4 eixos. Seria uma 8-40D — como a própria General Electric chegou a divulgar num de seus releases para a imprensa. Até que alguém caiu em si, e mandou divulgar o release certo: é uma 8-40BB.
Ou seja: Ela não tem 2 truques de 4 eixos (D-D), mas 2 truques duplos, cada um formado por 2 truques de 2 eixos (BB-BB), para melhor se inscrever nas curvas da EFVM, inclusive pátios etc. Ao todo, são 8 eixos motorizados, com um motor elétrico por eixo.
Uma verdadeira loucura, daquelas que se tornaram a marca registrada da EFVM, uma das ferrovias mais eficientes do mundo — embora estatal, brasileira, e de bitola métrica...
Fico imaginando como se poderia adaptar um modelo para reproduzir o protótipo da EFVM. Afinal, protótipos e modelos americanos são 8-40C. Truques duplos BB não seriam difíceis, sem motorização. Mas, e com motorização?...
Para levar as 4 primeiras Dash-8 de Campinas, SP, à EFVM, foram cogitados os mais incríveis trajetos. Falou-se em levá-las pela antiga Mogiana até o Triângulo Mineiro, e daí pela RFFSA, para Belo Horizonte. Claro, a linha de bitola métrica da Rede não suportaria o peso.
Falou-se em levá-las a Santos, pela descida da Fepasa / Sorocabana, e embarcá-las para Vitória. Não foi aprovado. Ou talvez tenha sido apenas rebate falso.
Decidiu-se colocá-las sobre truques de bitola larga, sem motorização, para serem rebocadas pela Linha do Centro / Central do Brasil, de Campinas a Belo Horizonte. O gabarito da linha (túneis) não permitiu.
Voltaram, e foram levadas pela Ferrovia do Aço.
Falo sobre detalhes que me intrigaram (como devem ter intrigado outros companheiros), e o pouco que pude apurar, com ajuda de material mandado pelo Carlos Missaglia, Kelso Médici, Flávio Lage, Alexandre Santurian, Jairo A. O. Mello e vários outros companheiros.
"Dash" (Traço) pode ter algum significado que me escapou até agora. Se alguém puder esclarecer mais, corrigir ou confirmar, agradeço imensamente.
Também ignoro outros trajetos que tenham sido cogitados, entre Campinas e a EFVM, bem como detalhes de cada opção rejeitada.
O material promocional da GE concentra-se principalmente nos computadores de bordo, que tornam a Dash-8 uma locomotiva de última geração.
Em resumo, os micro-computadores colocam-se entre a máquina e seu operador (maquinista), servindo como elo de ligação, orientação e, eventualmente, como barreira. Atuam em 3 áreas:
A) O sistema detecta qualquer falha que venha a ocorrer durante a operação. Um monitor de vídeo informa o operador, tão logo ocorra a falha, e ainda fornece dados que lhe permitem determinar rapidamente a sua causa.
B) Controlando desde a patinagem das rodas, até os motores de acionamento do compressor, e outros auxiliares, o computador administra o balanço energético da locomotiva, de forma a reduzir o consumo e manter sempre os níveis ideais de potência.
C) Mesmo quando tudo corre bem, o sistema mantém o maquinista constantemente informado sobre a temperatura, rotação, consumo de combustível e tudo que se refere à performance da locomotiva. Esses dados são armazenados, também, para ajudarem na manutenção.
A Dash-8 já não é uma novidade, exceto no Brasil.
A GE tem mais de 15 mil locomotivas, de todos os tipos, operando em todo o mundo. Somente Dash-8, já são mais de 1,4 mil operando em ferrovias norte-americanas, canadenses e australianas. Portanto, já representa quase 10% da frota mundial da GE.
A Union Pacific — um dos maiores usuários da Dash-8 — recebeu mais de 250 máquinas, somente entre 87 e 89. Desde então, recebeu mais uma centena, do tipo 8-40-CW, e já tem outras encomendadas. Juntamente com as SD60 e SD60M da General Motors, as Dash-8 estão substituindo a frota das SD40-2 da Union Pacific (MR-9106/70).
Pouco destacado pelo release da GE no Brasil, é que as Dash-8 são as locomotivas mais potentes, atualmente em uso. Três Dash-8 fazem o trabalho de cinco locomotivas SD40-2 (idem).
A EF Carajás, da Cia. Vale do Rio Doce, com bitola de 1,60 metro, importou 4 locomotivas Dash-8 da GE norte-americana. Estão em operação desde 1989/Nov, com uma disponibilidade mensal acima de 95%. Acredito que sejam de rodagem C-C (Dash 8-40C), mas não obtive confirmação.
O material promocional da GE do B informa que as 4 primeiras 8-40BB fabricadas no Brasil foram entregues à EF Vitória a Minas (CVRD) em 1991/Jun/19. Não fica claro, mas creio que foi uma entrega "teórica". Só várias semanas mais tarde, as máquinas conseguiram chegar à EFVM.
A encomenda inicial da EFVM totaliza 6 máquinas. As outras 2 estavam previstas para entrega "em julho próximo", passado (FRC).
Nomenclatura GE (II)Mário Roberto C. Paiva
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Bibliografia A Gretoeste: a história da rede ferroviária GWBR - 25 Abr. 2016 Índice das revistas Centro-Oeste (1984-1995) - 13 Set. 2015 Tudo é passageiro - 16 Jul. 2015 The tramways of Brazil - 22 Mar. 2015 História do transporte urbano no Brasil - 19 Mar. 2015 Regulamento de Circulação de Trens da CPEF (1951) - 14 Jan. 2015 Batalhão Mauá: uma história de grandes feitos - 1º Dez. 2014 Caminhos de ferro do Rio Grande do Sul - 20 Nov. 2014 A Era Diesel na EF Central do Brasil - 13 Mar. 2014 Guia Geral das Estradas de Ferro - 1960 - 13 Fev. 2014 Sistema ferroviário do Brasil - 1982 - 12 Fev. 2014 |
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