Flavio R. Cavalcanti - 22 Mai. 2014A Ferrovia Norte-Sul foi lançada de surpresa, em 1987, pelo então presidente José Sarney e seu segundo ministro dos Transportes, José Reynaldo, sem projeto, sem estudos prévios, sem inclusão no orçamento nem no plano de investimentos, e sem debate ou aprovação do Congresso Nacional para incluí-la no Plano Nacional de Viação (PNV), num momento em que faltavam recursos para inúmeras obras já iniciadas, inclusive a Ferrovia do Aço, também lançada mais de uma década antes, e com o mesmo tipo de previsão: construção em 1.000 dias, ou menos de 3 anos. Aproveitou-se, na verdade, certo vácuo institucional, pelo desgaste moral da Constituição herdada da ditadura, enquanto não começavam os trabalhos da Constituinte. Em terra de farinha pouca, meu pirão primeiro, Sarney viu a oportunidade de lançar um projeto para o Norte / Nordeste, antes que as forças políticas do chamado Centro-Sul se reorganizassem e voltassem a impor suas prioridades. O Centro-Oeste entrou de contrapeso, pelo menos, a curto prazo, já que ferrovias são, tradicionalmente, obras demoradas, de 7 a 10 anos; muitas vezes, 10 a 14 anos. Isso, quando têm projeto bem estudado, pronto e detalhado, ao serem iniciadas. Pelo ritmo da obra, apesar de ser prioridade política do presidente, logo foi ficando claro que o objetivo tático era concluir um trecho inicial de Açailândia (na EF Carajás), rumo ao sul do Maranhão, dentro de seu mandato (ampliado em +1 ano). De fato, deixou prontos 95 km dentro do Maranhão, de Açailândia até Imperatriz.
Cerca de 15 anos mais tarde, já em final do segundo mandato, o governo FHC inaugurou um trecho de mais 120 km, incluindo a ponte sobre o rio Tocantins. PNLTNo primeiro governo Lula, quando a prioridade era reorganizar as finanças, e pouco podia ser feito com os parcos recursos que sobravam do aperto das contas, realizou-se um estudo aprofundado das necessidades de logística para as décadas vindouras, que resultou no PNLT - Plano Nacional de Logística de Transportes (2007), desenvolvido pelo Ministério dos Transportes, em cooperação com o Ministério da Defesa, por meio do Centro de Excelência em Engenharia de Transportes (Centran) [Portaria Interministerial nº 407, de 28/03/2005, (DOU de 30/03/05), dos Ministros de Estado da Defesa e dos Transportes, criando o Centro de Excelência em Engenharia de Transportes (CENTRAN), com sede no Instituto Militar de Engenharia (IME), no Rio de Janeiro, RJ]. Colaboraram, além das áreas de governo (Planejamento, Agricultura, Meio Ambiente, Fazenda etc.), as confederações e federações do Comércio, Indústria, Agricultura, Transportes, associações como ANTF, ANTT, instituições de ensino e pesquisa como PUC-RJ, UFRJ, USP etc. Desse estudo, eminentemente técnico, surgiu um novo desenho do país, bem mais regionalizado, incluindo novos troncos ferroviários. Nesse contexto, a Ferrovia Norte-Sul adquiriu outro sentido, agora, como eixo estruturante de um novo sistema ferroviário, em bitola larga, abrangendo todo o território nacional. Tramo NorteUm passo fundamental para a retomada das obras da Ferrovia Norte-Sul foi a concessão à Vale, por 30 anos, do trecho de 720 quilômetros de Açailândia (MA) a Palmas (TO), — o chamado Tramo Norte, em grande parte, ainda por construir, mediante pagamento imediato de R$ 740 milhões, de um total de R$ 1,478 bilhão, a serem reinvestidos pela Valec na construção da própria FNS. Naquele momento, a FNS tinha apenas 215 km construídos, de Açailândia ao Estreito (MA) / Aguiarnópolis (TO). A Vale arrematou o trecho em leilão, em Out. 2007; o contrato e o pagamento foram feitos nos meses seguintes; e em 7 Dez. 2008 o presidente Lula inaugurava a extensão da FNS até Colinas (TO), totalizando 452 km desde o ponto inicial em Açailândia (MA). Em Set. 2010, o presidente Lula inaugurou o trecho até Palmas / Porto Nacional (TO). De acordo com a Presidência da República, até aquele momento:
Operação e material rodantePara a operação ferroviária do Tramo Norte ao longo de 30 anos, a Vale criou a empresa Ferrovia Norte Sul S/A (não confundir com a FNS ferrovia). Na prática, a operação ferroviária está sendo feita pela VL!, que em 21 Mai. 2014 anunciou a entrada em operação de 7 novas locomotivas SD70ACe construídas em Sete Lagoas (MG), transportadas sobre carretas por 1,4 mil km de rodovia, ao longo de 2 meses, até Porto Nacional (TO), e dali levadas pelos trilhos até São Luís (MA), para os testes na oficina de locomotivas. As novas locomotivas SD70ACe somam-se às 12 locomotivas C36-7 (ex-EF Carajás) que já rodavam nos trilhos da FNS, elevando a frota para 19 máquinas. Ao longo de 2013, a VL! / FNS adquiriu 306 vagões, sendo 208 vagões hopper para o transporte de grãos e 98 vagões-tanque para combustíveis. Como já havia recebido 179 vagões hopper e 30 vagões-tanque em 2012, em 2 anos a frota passou de 362 vagões, em 2011, para 877 vagões atualmente. Tramo SulEnquanto se implantavam os Terminais Multimodais do Tramo Norte, licitando lotes, nos pátios ferroviários, para empresas, com o compromisso de construir terminais de recepção e trasbordo de diferentes tipos de cargas, as obras prosseguiram no Tramo Sul, de Palmas (TO) até Anápolis (GO). Desde Fev. 2014, o Tramo Sul começou a ser utilizado por trens de serviço, para o transporte de dormentes de concreto, a partir das fábricas instaladas ao norte. A viagem de teste se realizou sem problemas. O pátio ferroviário de Gurupi, localizado no km 939, já estava programado para tornar-se operacional em Mar. 2014. A concessão de uso dos lotes começou a ser licitada em Fev. 2014. Em 20 Mai. 2014, inaugurou-se o Terminal Multimodal de Gurupi (TO) já no Tramo Sul, com a partida de um pequeno trem, levando mais de 1 mil toneladas de minério de ferro para Palmas / Porto Nacional (TO), de onde seguirá para o norte. O Tramo Sul já estava para ser inaugurado no dia 22 Mai. 2014, em Anápolis, marcando a conclusão do assentamento dos trilhos em todo o percurso originalmente lançado em 1987. Com a inauguração da ferrovia, em 22 Mai. 2014, fica faltando concluir a implantação do Terminal Multimodal de Anápolis (GO), previsto para Jun. 2014, e outros, daqui por diante, no percurso intermediário, desde Palmas / Porto Nacional, além do desenvolvimento dos pátios implantados nos últimos anos, alguns ainda com lotes disponíveis. Modelo pilotoO Tramo Sul entra em operação assistida, período inicial de teste, consolidação dos aterros etc., preparatório para o início da operação comercial. Será testado o sistema de concessão chamado open access, pelo qual, diferentes empresas poderão contratar capacidade de transporte pela ferrovia, conforme o número de pares de trens (ida e volta), por determinado período de tempo. O edital de oferta de capacidade de transporte foi publicado pela Valec na primeira metade de Maio de 2014. «» ª |
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