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Viação Férrea Centro-Oeste
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E.F. Muzambinho, Cia. de Viação Ferrea do Sapucahy, E.F. Minas e Rio, E.F. Oeste de Minas — são apenas alguns entre mais de 100 nomes cuja sonoridade e cuja "graphia" antiga despertam um mundo de estradas e regiões que foram o Brasil do fim do Império e das primeiras décadas da República.
É monótono e desinteressante depararmos hoje, por toda parte, com apenas três nomes — Fepasa, RFFSA e CVRD. Não há nada errado com elas. Triste, mesmo, é termos perdido a memória daquela centena de estradas e seus nomes incríveis.
O que há em comum entre os nomes lá no alto é que todos pertenceram a estradas mineiras situadas a oeste da EFCB (a leste, reinava a Leopoldina). Foram agrupadas em duas redes, a E.F. Sul de Minas e a E.F. Oeste de Minas, no início do século. Em 1931, junto com a E.F. Paracatu formaram a Rede Mineira de Viação (RMV), que o povo apelidou Ruim Mas Vai.
A RMV passou em 1953 ao DNEF e com a criação da RFFSA em 1957 passou a integrá-la, mantendo o nome e a sigla. Enfim, em 1965, foi reunida à antiga E.F. Goyaz, formando a Viação Férrea Centro-Oeste, até ser absorvida (com outras linhas) na atual SR-2 da Rede.
Seus trilhos refizeram boa parte dos antigos caminhos dos inconfidentes, atravessando as montanhas em direção aos cerrados de Goiaz, à Cia. Mogiana de Estradas de Ferro e ao vale do Parahyba de onde descia ao porto de Angra dos Reis.
Mesmo com a fuga do café para São Paulo, as cidades da região continuaram atraindo os turistas, durante décadas, para suas montanhas e vales, seus queijos, seu clima e suas águas. Nomes como Baependy, São Lourenço, São João d'El Rey, Araxá, Guaxupé, Poços de Caldas, Itajubá, Lambari ou São Gonçalo do Sapucahy ainda hoje ecoam em todo Sudeste.
Aí estão hoje as escolas de Itajubá, o "vale da informática" no Sapucaí, o tronco BH-RJ da Ferrovia do Aço, a represa de Furnas (que afogou parte da E.F. Muzambinho), a rodovia Fernão Dias (paralela ao imaginário ramal paulista da Ferrovia do Aço) e novamente o café.
Reconstituí-la através de fotos antigas, livros e revistas não é difícil.
É uma região de enorme potencial turístico, independente de qualquer ferrovia que venha a ser reativada para este fim. Em Ribeirão Vermelho, a RFFSA mantém as oficinas da antiga EFOM, com um patrimônio histórico importante à espera de um projeto bem definido para sua preservação e exibição ao público.
Curiosamente, ligava Três Corações à cidade paulista de Cruzeiro, na EFCB. As obras foram iniciadas em 1881 e o tráfego foi aberto em 1884, passando por São Tomé das Letras, Soledade, São Lourenço, Passa Quatro, pelo vale do rio Verde.
Iniciada em 1880 de Sítio (Antônio Carlos, na EFCB) em direção a Ribeirão Vermelho, porto fluvial no rio Grande, e ao alto São Francisco, ao norte. Em 1888 a linha atingiu Oliveira e em 1894 chega a Paraopeba, segundo o levantamento do Centro Industrial do Brasil. A partir de Ribeirão Vermelho, a EFOM mantinha serviço de navegação a vapor para Capetinga 208 km rio abaixo. A idéia, já na época, era integrar duas vias navegáveis com uma ferrovia na bitola econômica de 762 mm, equivalente a 30'' ou 2 e 1/2 pés.
Em 1890, a EFOM recebeu concessão federal para uma linha de Barra Mansa (RJ) a Catalão (GO), na bitola de 1,00 m. Uma outra concessão estadual completaria, até Angra dos Reis (RJ), este "corredor de exportação" desde Goiás.
Em 1903, a União adquiriu as linhas já construídas. O trecho fluminense de Cedro a Rio Claro foi incorporado, desde então, à EFCB. Ao mesmo tempo, foram concluídos os trechos incompletos, como a ligação Belo Horizonte a Divinópolis.
Iniciada em 1890 de Soledade (na Rio e Minas) a Eleutério (Mogiana), próximo a Moji Mirim, e percorrendo todo o extremo sul de Minas Gerais. De Soledade, prosseguia a leste até Bom Jardim (na linha Catalão-Angra, da EFOM), de onde prosseguia para o rio Preto, divisa do Estado do Rio, próximo a Passa Três.
Construída de 1879 a 1883, de Sant'Anna ao Passa Três, já no início do século pertencia à Sapucahy, ligando-se por um ramal de 8 km à E.F. de Santa Isabel do Rio Preto (também da mesma empresa), inaugurada por sua vez em 1886.
O nome não sugere toda importância que veio a ter essa ferrovia, ligando Três Corações (na Minas e Rio) pelo vale do rio Verde até o início de sua navegação e desviando-se para Muzambinho, próximo a Guaxupé de onde a seguir interligou-se à Mogiana.
O Ramal da Campanha partia mais ao sul, de Freitas (também na Rio e Minas) para Lambari, Cambuquira, Campanha e São Gonçalo do Sapucahy, sendo inaugurado em março de 1894.
Não é pouco o que resta dessa vasta rede ferroviária interligando os pontos principais dentro do triângulo que é o coração econômico do País — SP / RJ / BH.
Foram desativados, ou tiveram suspenso o tráfego:
– O trecho Celso Bueno a Catalão, de foma que o tráfego passa agora obrigatoriamente por Pires do Rio, vindo para Brasília, Goiânia ou Anápolis.
– O trecho de Divinópolis ao Velho da Taipa e daí ao norte, a Paraopeba.
– Do Velho da Taipa a oeste além de Dores do Indaiá.
– Os ramais de Itapecerica e Cláudio, ao sul de Divinópolis.
– Quase toda E.F. Muzambinho, restando apenas o trecho de Três Corações a Varginha.
– O ramal de Campanha.
– A E.F. Sapucahy e seus ramais.
– A linha leste-oeste da EFOM, desde Antônio Carlos até Ribeirão Vermelho, permanecendo apenas o trecho de São João d'El Rey a Tiradentes a bitolinha, para preservação histórica e turismo. A linha norte-sul, de Aureliano Mourão a Divinópolis, foi convertida para bitola 1,0 m.
Embora sem tráfego, talvez ainda exista a linha principal da Sapucahy pois consta de alguns mapas recentes da RFFSA e está ausente em outros.
As oficinas e a rotunda de Ribeirão Vermelho, registradas por Sérgio Martyre ("Companhia Estrada de Ferro Oeste de Minas", SBF, 1975) têm sido citadas por engenheiros da SR-2 como ainda existentes e com um número indefinido de locomotivas, carros e vagões, sem a conservação que seria de desejar.
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