Para uma história do hobby no
Brasil
A bitola O brasileira
("Brazilian O Gauge")
J. O. Berner Railroad Model Craftsman Mar-1968
Centro-Oeste n° 75 1°-Fev-1993
Entre os trens de brinquedo estranhos aos colecionadores
dos EUA e Canadá, estão os brasileiros produzidos pela Erka e pela
Metalma, de safra recente.
Os importados dominaram por longo tempo o mercado brasileiro de
trens de brinquedo. Trens de mecanismo a corda e elétricos vinham
da Inglaterra, Alemanha, França, Estados Unidos e outros países.
Antes da II Guerra Mundial (1939-1945), eram comuns os trens europeus.
Ao fim da guerra, e até 1950, Lionel fez sua aparição no Brasil.
Os preços crescentes dos trens de bitola O fizeram-nos gradualmente
dar lugar aos trens S e HO importados.
Tivemos no Brasil apenas 2 fabricantes de trens de brinquedo em
escala O: Metalma e Erka.
Metalma
A Metalma iniciou sua produção no início dos anos 30, fazendo apenas
trens de mecanismo a corda. O conjunto consistia de uma loco a vapor
carenada, com tênder e 2 carros de passageiros com letreiro "Pullman",
e um círculo de trilhos. Ao longo dos anos, uma estação, cruzamento,
ponte, semáforo e túnel foram acrescentados.
O equipamento era de lata litografada, na velha tradição. Apesar
do estilo carenado, a loco tinha o limpa-trilhos e a frente da caldeira
litografados, para fazê-la parecer mais com os tipos de loco a vapor
vistos no Brasil. Tinha parachoques de latão torneado e uma alavanca
na cabine, para fazê-la andar ou parar. A loco, o tênder e os carros
tinham 4 rodas. As rodas motrizes eram feitas de chumbo.
Fabricado inicialmente por "Metalúrgica Matarazzo S/A", mais tarde
este nome foi mudado para "Metalma". O conjunto podia ser visto
nas lojas de brinquedos até recentemente [N. R.: Até 1967, segundo
Marcelo Lordeiro]. Ao longo dos anos, a única mudança foi nas cores.
Os primeiros conjuntos eram verdes, mais tarde prateados, e ultimamente
vermelhos.
Erka
Os trens Erka foram produzidos de 1948 até o início dos anos 50.
O conjunto era formado por uma loco a vapor, 2 carros de passageiros
e um círculo de trilhos. Os conjuntos de carga tinham um vagão prancha
e um vagão-tanque.
Um dos carros de passageiros tinha uma luz vermelha na cauda, sem
engate. A loco usada no trem de carga tinha as janelas fechadas
com cortinas.
Os carros de passageiros tinham janelas de acetato translúcido,
branco ou azul claro. As inscrições eram decais. A loco trazia a
inscrição "Expresso Transamérica". Os carros tinham inscrições de
1ª e 2ª Classe, Restaurante e Dormitório. Normalmente, locos e carros
eram pintados de azul e creme; verde e creme; vermelho e creme.
Outras cores podem ter existido em séries menores.
A loco e os carros da foto vêm de uma encomenda particular, em
verde escuro e prata, com faixas amarelas. A sigla "EFB" aparece
num emblema oval e a loco tem o n° 34 na da frente.
Os engates parecem uma versão aumentada dos engates Märklin HO.
Os trens eram feitos para operar em corrente alternada (CA) e não
tinham mecanismo de reversão. Os primeiros conjuntos tinham uma
linha circular formada por 14 seções de trilhos (grades) e mais
tarde, 16. O diâmetro do círculo era de aproximadamente 36'' (cerca
de 914 mm). O fabricante produzia grades compatíveis com a bitola
O Lionel e Märklin.
O equipamento era de livre-criação. A loco e os carros tinham 2-1/2''
(cerca de 63 mm); e 3-5/8'' de altura (cerca de 92 mm). A loco media 13-1/4''
entre os parachoques (336 mm), e os carros 11-1/4'' (286 mm).
A loco e carros tinham extremidades arredondadas e com janelas. A produção
era muito limitada.
Mistério
No início dos anos 50, foram produzidos alguns carros para combinar com
Lionel, provavelmente no Rio de Janeiro. Vi-os freqüentemente em lojas
de brinquedos, mas não sei qual era o fabricante. Todos seguiam protótipos
brasileiros e tinham engates compatíveis com Lionel.
Foi para mim uma agradável surpresa, receber
do amigo B.-L. Liljeberg a xerox deste artigo, publicado nos
EUA há 1/4 de século. Infelizmente, não é possível aproveitar
as fotos da xerox. O desenho da loco Metalma é praticamente
o mesmo da loco "a vapor" da Estrela (foto no CO-70). O formato
dos carros Erka lembra o trem "Ouro Branco" da EF Sorocabana.
A xerox não permite conferir se o oval realmente continha
as iniciais "EFB" citadas no texto , ou "EFS".
J. O. Berner foi colaborador da antiga Sport
Modelismo, editada em São Paulo, SP, de 1967 a 1969, pelo
aeromodelista Walter Nutini.
Agradeço ao Marcelo Lordeiro a revisão do
texto traduzido (FRC).