Flávio R. Cavalcanti - Março 2003O caboose — ou “guarda-freio”, “carro-breque” etc. — é um carro ou vagão de serviço, geralmente acoplado ao final da composição, para garantir a segurança do trem e da linha. A forma como foi / é utilizado varia conforme a época, o estágio tecnológico e os problemas de segurança de cada trem, ferrovia, região:
Os dois exemplos nos remetem a épocas e locais em que não havia rádio a bordo, nem tecnologias de comunicação / sinalização / controle automático, ainda mais recentes. A equipagem (pessoal) de uma composição, por isso, necessariamente era maior. Se necessário, um de seus integrantes deveria seguir até a estação mais próxima — permanecendo outros dois para cuidar da sinalização nas duas extremidades do trem. Isso introduz a noção do "abrigo", citada pelo Marcelo Cosi, para o pessoal responsável pela cauda do trem. À falta de computadores ou caixas-pretas que registrassem comunicações etc., o controle — ou inquérito posterior — fundamentava-se em papéis (telegramas, ordens em 2+ vias), complementares ao bastão de staff. Daí a função de "escritório", para o pessoal da cauda. Funções adicionais seriam conseqüência natural, conforme as particularidades de cada região, carga etc.:
As diferentes utilidades refletiram-se, naturalmente, na nomenclatura (siglas) de diversas ferrovias brasileiras, antes da padronização atual — que reserva as seguintes letras (primeira e segunda):
Tecnologia versus pessoalA eliminação do vagão caboose acompanhou o processo de automação em busca de maior produtividade — trens mais longos, com menos pessoal a bordo, e espaçamento crescente das estações necessárias à operação da linha (cruzamento, sinalização. A segurança também aparece como fator instigante do avanço tecnológico — embora com freqüência fique em segundo plano, pelo que se observa na seqüência de acidentes por falta de conservação da via onde trafegam equipamentos tão avançados. Mais do que a mera redução da despesa com salários (nem tão altos), parecem pesar cálculos contábeis. A projeção do passivo representado por milhares de aposentadorias, no horizonte de várias décadas à frente — em um mundo onde cresce a expectativa de sobrevida — derruba as ações de uma empresa de imediato, tão logo o primeiro analista ponha os olhos no balancete. Ironicamente, a maior parte do enorme capital flutuante que impõe esse crivo em todo o mundo — comandado por administradores profissionais — pertence a fundos de pensão... dos próprios trabalhadores, ferroviários inclusive. Mesmo antes da tecnologia eletrônica, o freio a ar comprimido já representava um princípio de "automação" — em teoria, pára a composição no caso de falha. A eletricidade e o motor a explosão — mesmo em equipamentos com transmissão hidráulica — também favoreceram a automação do controle. Em países de sindicalismo mais forte, ainda se tentou deter artificialmente o aumento da produtividade:
À medida em que os avanços técnicos facilitavam o controle do final da composição — e nos trens de passageiros é fácil o trânsito de um carro a outro —, "algumas ferrovias usavam o carro-bagageiro como caboose", conforme lembrado por Nicholas Burman [Ferrovia Global, jan. 2003]. Vagões caboose no Brasil
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