Paulo R. Filomeno
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Por que será que a Ituana parou em São Pedro?
Segundo Alberto del Bianco, a Douradense tinha um plano de se entroncar com ela em Charqueada, para garantir um acesso a Santos por bitola métrica, sem depender da Paulista.
Na sua "História da Viação Pública de S. Paulo", de 1903, Adoplho Pinto mostra as desvantagens acarretadas à Ituana por fazer de São Pedro ponta de trilhos, e não levá-los "aos ricos municípios de Brotas e Jaú".
Analisando o mapa ferroviário de São Paulo, a Ituana segue verticalmente até Charqueada, depois desvia à esquerda abruptamente para São Pedro.
A Ituana foi construída naquela época décadas de 1870 e 1880 com baixas condições técnicas, raios de curva pequenos e fortes rampas.
E após Charqueada existe um verdadeiro paredão chamado Serra de São Pedro. Não havia condições de subi-la para atingir Brotas.
À esquerda, portanto, era o único caminho da Ituana. À direita iria bater na linha da CPEF e invadir mais uma vez sua zona privilegiada.
Na primeira fase da Ituana, no trecho de Jundiaí a Itu, já havia ocorrido o primeiro conflito. Como o privilégio de zona da Paulista, de Jundiaí a Campinas (e depois, até Rio Claro) era de 31 km de cada lado da linha, a Paulista entendeu que algumas estações da Ituana provavelmente Ermida, Quilombo e Itapeva ficavam dentro dela.
Esta primeira questão foi resolvida amigavelmente, em 1872/Out/18, quando as duas companhias assinaram escritura estabelecendo que a Paulista receberia 10% da renda bruta proveniente da carga e descarga de mercadorias e passageiros nas estações situadas na zona da Paulista ("Café e Ferrovias", Odilon Nogueira de Matos, pág. 88).
Posteriormente, a comissão geográfica do Estado levantou um mapa oficial, onde a Paulista pôde constatar outra violação de sua zona de privilégio. Este conflito é narrado por Adolpho Pinto em "Minha Vida", de 1927, páginas 46 e 47.
Esta nova pendência foi parar na Justiça. Com a falência da EF União Sorocabana e Ituana, em 1907, o governo do Estado encampou-a e prometeu arrendá-la à Paulista, desde que esta retirasse a ação judicial.
Feito isso pela Paulista, o Estado arrendou a estrada ao sindicato Farquhar, que detinha o controle de várias outras ferrovias no Brasil. Como o acordo havia sido apenas verbal, a Paulista não teve outra saída, senão recorrer de novo à Justiça, e construir um ramal para Piracicaba.
A Paulista obteve ganho parcial de causa apenas em 1935 mas, então, já não teve interesse em executar a sentença.
Mas, voltando à Serra de São Pedro, na década de 1890...
Então, "fugindo" da Paulista, a Ituana voltou-se para São Pedro. Mas atravessar a serra, certamente custaria muito dinheiro, o que talvez explique a Ituana ter desistido da empreitada.
À frente de São Pedro, enfrentaria novos conflitos de invasão de zona garantida a outras ferrovias, hipótese sustentada por Flávio de Saes, em "As ferrovias de São Paulo 1870-1940".
Com a construção do ramal de Jaú, da Cia. Rio Claro (depois Paulista), em 1887 e a Sorocabana atingindo São Manuel para chegar em Bauru , a Ituana não teve outra saída senão deixar a ponta de seus trilhos em São Pedro (onde chegou em 1893, 14 anos após atingir Piracicaba) e, mais tarde, fundir-se com a Sorocabana, formando a Cia. União Sorocabana e Ituana.
Infelizmente, o trecho de Itaici a Piracicaba foi erradicado recentemente. Constava no mapa oficial da Fepasa em 1988.
Os trechos de Jundiaí a Itaici, e de Piracicaba a São Pedro, foram erradicados na década de 1970.
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