CFN - Cia. Ferroviária do Nordeste* em Triângulo
Chave de desvio dos trilhos
Fotos: Rubens C. V. Weyne, 25 Mar. 2011
As "chaves de desvio dos trilhos", ou "Aparelhos de Mudança de Via" (AMV) de Triângulo são
acionados manualmente, através de uma alavanca dotada de um peso destinado a mantê-la na posição,
para um lado ou para o outro.
É o famoso "queijo", peso de ferro fundido no formato de um queijo de Minas.
Esse tipo de
AMV
manual é o que ainda se usa na maior parte das ferrovias brasileiras,
em todas as regiões, de norte a sul, igualmente assentadas sobre dormentes de madeira, muitas vezes em mau estado
de conservação, desde antes da privatização, como em Brasília, por exemplo, onde parece que um estoque limitado de trilhos e
AMVs
é retirado de um desvio para criar outro, década após década.
As exceções são algumas linhas de grande interesse para a exportação
de milhões de toneladas de minério de ferro em fluxo incessante como a
EFVM
e linhas de Metrô, por exemplo.
A sequência de fotos de Rubens Weyne documenta em detalhes um
AMV
com suas partes
essenciais:
Agulhas - pontas de trilho (móveis), desbastadas para se adaptarem aos trilhos de encosto (fixos) ou contra-agulhas.
[Em Pureza,
José Lins do Rego utiliza "agulheiro" como designação corrente para o "guarda-chaves"
o funcionário da ferrovia encarregado de manobrar as "chaves de desvio" em cada pátio ferroviário]
Trela - peça (ajustável) que liga as duas agulhas, fazendo com que se movam de forma solidária e mantendo-as
sempre paralelas
Aparelho de manobra - o conjunto que movimenta as agulhas:
Alavanca de manobra - que é acionada manualmente pelo "guarda-chaves", para movimentar as agulhas
Contrapeso, Queijo ou Libra - peso em forma de queijo que ajuda a completar o movimento da alavanca e a
mantê-la na nova posição, forçando a agulha a permanecer encostada à contra-agulha
Tirante ou barra de ligação - peça que transmite o movimento da alavanca à trela das
agulhas
"Coração" ou "jacaré" - placa com trilhos / canaletas no centro do AMV,
onde os trilhos se cruzam
Contratrilhos - extensões de trilhos avulsos, paralelos aos trilhos externos, dos dois lados do "coração"
ou "jacaré"
Referências
Estradas de Ferro, vol. 1 - Via permanente, Helvécio Lapertosa
Brina, LTC, Rio de Janeiro, 1979.
Pureza, José Lins do Rego, Ed. Nova Aguilar, Rio de Janeiro,
1976.
______________________
(*) A CFN mudou sua denominação para "Transnordestina Logística
S. A." (TLSA). Para evitar confusão, este site mantém a sigla antiga para designar a empresa, e reserva a palavra "Transnordestina"
para indicar o projeto de interligações ferroviárias para integração da rede
no coração da região.
Desenho esquemático de algumas partes que compõem o Aparelho de Mudança de Via
Mecanismo manual da "chave de desvio" dos trilhos para os trens mudarem de via no pátio ferroviário de Triângulo.
A partir da esquerda: alavanca (com o queijo), tirante que transmite o movimento, agulhas ligadas pela trela
Detalhe da "ponta de diamante" no "coração" ou "jacaré", no centro
do Aparelho de Mudança de Via (AMV), onde as rodas dos trens cruzam o trilho da outra via.
Observe os "contratrilhos", junto aos trilhos externos, dos dois lados
Detalhe das "agulhas" pontas de trilhos que se movimentam para guiar o trem para uma via ou para a outra.
O tirante (à esquerda) transmite o movimento da alavanca para a trela, que move as agulhas, mantendo-as
paralelas