Locomotivas Baratinha Fepasa: sucata ou preservação?
Alienação de locomotivas elétricas
séries 6500 e 6510 - "Baratinhas"?

Arquivo Fepasa
Pesquisa e digitalização: Carlos E. Campanhã

Ofício sem data nem assinatura — provavelmente rascunho — abre uma janela para os embates que se travavam dentro da Fepasa - Ferrovias Paulistas, a respeito das velhas locomotivas elétricas, sucateamento, preservação etc.

Tivéssemos a data do documento, fixaria um quadro da situação das locomotivas elétricas Baratinha da bitola larga (ou seriam Baratonas?). Como está, só traçando primeiro o quadro delas em várias, para depois identificar a data do ofício.

«As locomotivas elétricas das séries 6500 e 6510, embora antigas, adequam-se perfeitamente aos serviços de manobra e lastro, mormente àqueles nos quais a potência instalada de uma diesel excederia à requerida.

«Levando-se em conta que na década de 20 o Brasil não possuía os recursos e a mão de obra dos países desenvolvidos da época, as características dessas locomotivas eram a baixa e fácil manutenção, associadas à alta confiabilidade e robustez. Note-se que inexistem locomotivas diesel remanescentes desse período.

«Ao baixar-se uma locomotiva dessas, cria-se uma lacuna no nosso já deficitário parque de tração, pois o serviço delas deverá ser executado por outras, as quais inexistem e que não dispomos de verba para aquisição.

«Dessa forma, não podemos concordar com as justificativas:

«- Existem duas ou poucas locomotivas da série:

«Nas atuais circunstâncias, a Fepasa necessita de todo e qualquer tipo de tração. A justificativa de baixa utilização é decorrente do reduzido número de locomotivas.

«- Ambas estarem imobilizadas:

«As locomotivas estavam imobilizadas como qualquer outra em processo de reparação geral; sendo que a 6503, ao contrário do que foi dito, encontrava-se em pleno funcionamento no serviço de manobra do pátio da estação de Limeira, na ocasião de sua transferência para o Museu de Jundiaí.

«- Obsoletismo:

«Obsoletismo não deve ser encarado como incapacidade operacional. Embora o projeto dessas locomotivas seja de 1920, até o momento elas vêm cumprindo suas funções.

«- Falta de peças para a manutenção:

«Com relação às peças, segundo informações de funcionário das Oficinas de Jundiaí, essas existem e podem ser utilizadas.

«- Antieconômica a reparação:

«Note-se que em momento algum avaliou-se a relação custo / benefício da reparação / operação dessas locomotivas, não sendo especificada a correta amplitude do termo "antieconômica".

«Das locomotivas em questão temos:

«6503 - Em funcionamento, preservada no Museu de Jundiaí

«6505 - Está com seus componentes retirados (freio, compressores, resistências, tacógrafo, sino, apito e pantógrafo), como em procedimento padrão para reparação geral (RG).

«6508 - Idem 6505.

«6517 - Incendiada, e segundo o seu livro de bordo, encontrava-se na ocasião sem o seu extintor de incêndio. É possível retornar à operação, pois além de existirem peças sobressalentes, esse tipo de acidente eventualmente ocorre com outras das nossas locomotivas.

«6416 - Essa locomotiva foi demolida sem baixa patrimonial, nada restando que possa ser identificado.

«Finalmente, podemos sugerir que, caso não haja interesse em utilizá-las na operação, um leilão internacional de antiguidades alcançaria um valor muito superior ao atualmente obtido do que a venda como sucata (US$ 600.000,00 x US$ 4.000,00).

«Em anexo fotos das locomotivas 6505 e 6508.»

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