A RFFSA agora forma trens de minério de ferro com 108 vagões entre as minas da MBR em Belo Horizonte e o porto de Guaíba, no estado do Rio.
Esses trens têm normalmente utilizado o perfil favorável da Ferrovia do Aço, de Jeceaba (MG) a Saudade (RJ), seguindo daí pelo Ramal de São Paulo da antiga Central do Brasil, até Barra do Piraí, onde é feita uma detalhada revista em todo o trem, antes dele descer a serra do Mar até Japeri.
Como existe uma rampa ascendente de aproximadamente 1,5% entre Barra do Piraí e Humberto Antunes, ponto culminante da linha da serra do Mar, é necessário o uso de 9.000 HP de auxílio sob a forma de 2 locomotivas GM Macosa SD40-2 engatadas na cauda e uma à frente do trem. Estas locomotivas de ajuda são dotadas de rádio, pelo qual os maquinistas se comunicam o tempo todo, até as locomotivas da frente — as 3 usuais mais 1 SD40-2 guia — “mergulharem” no túnel 12 em Humberto Antunes. Então, as 2 locomotivas da cauda se desengatam com o trem em movimento, retornando em seguida para Barra do Piraí.
Para quem já teve a oportunidade de ver e literalmente sentir esse trem passar no trecho até Humberto Antunes, a experiência será inesquecível. Com todas as máquinas dando o máximo de potência, a passagem desse trem é quase um pequeno terremoto para quem observa a curta distância.
Existem vários pontos de fácil acesso para observar sua passagem, embora minha dica seja para a localidade de Mendes, distante aproximadamente 1h30m, em ônibus confortável, da rodoviária Novo Rio (Rio, RJ).
Ir de carro também será fácil, pois o único trecho ruim, embora asfaltado, é a serra entre Paracambi e Paulo de Frontin, e daí até Humberto Antunes e Mendes.
O curto trecho entre Mendes e Humberto Antunes é o de pior rampa, sendo portanto onde as máquinas fazem o maior esforço.
O desengate em movimento poderá ser observado próximo a uma passagem de nível de estrada de terra entre Humberto Antunes e Mendes. Na nossa última “visita”, em 4 Ago. 1990, aproveitamos das 10h às 19h a passagem de 3 trens desse tipo, inclusive os movimentos de retorno das máquinas de auxílio. Para completar, também filmamos e fotografamos 2 trens de carvão indo para Volta Redonda, além do TUE Barrinha, que circula na serra.
Recomendo cuidado com o desvio de Mendes, pois é utilizado regularmente pelos diversos trens, não sendo portanto linha morta. As locomotivas escoteiras e o TUE não fazem barulho. Portanto, o observador deve escolher um local seguro, fora da via.
No trecho entre Barra do Piraí (357 m) e Humberto Antunes (446 m) no sentido litoral, os trens de minério, necessitam do auxílio de cauda, onde locomotivas empurram a composição, auxiliando as que tracionam, para conseguir vencer mais facilmente o aclive.
O desengate ocorre em movimento, no início da descida da serra, no pátio da estação Humberto Antunes, pouco antes do Túnel 12 [
Jorge A. Ferreira Jr.
- Dez. 2007].