Eliezer Magliano
|
Há muito tempo estou procurando uma carga para meu ferreomodelo de vagão prancha Frateschi, que é leve demais e não pode transmitir tração sem descarrilar.
Não tinha nenhuma solução simples, ainda, até que, passando pela estação de Angra dos Reis, vi uma composição de vagões carregada de placas de aço bruto, não beneficiado, provenientes da CSN - Cia. Siderúrgica Nacional, provavelmente para exportação.
Uma carga incomum, já que a maioria dos carregamentos que tenho visto são de bobinas. No destino final, essas placas são aquecidas e relaminadas.
Quando digo bruto, é bruto mesmo: um pouco empenadas, laminação e corte grosseiros das pontas, apenas para facilitar manuseio e transporte. Inteiramente oxidadas, com cor laranja. Segundo um catálogo 1962 da CSN, a largura dessas placas varia de 24 a 48'' (61 cm a 1,2 m); e a espessura, de 3-1/4 a 8'' (8 a 20 cm).
Não tenho indicação dos comprimentos, mas acho que deve se limitar ao comprimento do vagão. As que vi tinham comprimento de uns 3,5 m, largura 1,05 m, e espessura 16 cm. As espessuras, por exemplo, variavam de 15 a 17 cm. Não vi, mas segundo o pessoal da estação houve alguns carregamentos com placas longas, de 10 m.
Na usina as placas são marcadas à mão com vários dados, conforme croqui anexo, escrevendo-se com tinta branca a pincel sobre faixas pretas previamente pintadas, com comprimento em torno de 85 cm, e que ocupam a espessura da placa.
Algumas têm trechos, nas pontas sem inscrição, pintados de branco com 15 a 30 cm de comprimento. Em escala HO essas inscrições seriam pouco mais que tracinhos brancos.
Na lateral tinham, na ponta esquerda, acima, as dimensões de comprimento, largura e espessura em milímetros. Por exemplo: "3500 x 1050 x 160"; e abaixo a inscrição, constante, "WE 72495-01".
Mais adiante, na faixa central, "MADE IN BRAZIL — CSN". Numa das extremidades, em cima à esquerda, "P8736", "R02008", "R02016", "R65439", "R53029", "R33110" etc. Em cima à direita, "1A3668", "1B4906", "2C0215", "1C3526", "1C3863", "1A5121" etc.
E em baixo à direita, a única identificação reconhecível, a classificação do aço: "SAE 1009/NBR 8300". O "1009" pode ser "1015", "1020", "1025", "1030" etc., porém não mais que "1095".
As placas são empilhadas nas duas extremidades das pranchas, sobre os truques, separadas do vagão e entre si por pedaços de madeira desuniformes em torno de 3'' x 3'', um pouco mais compridos que a largura da prancha, e colocados sem muito capricho.
Os vagões têm uma lotação nominal de 63400 a 64000 kg, aqui na bitola métrica, porém a capacidade das linhas por aqui, segundo me informei, é de 58000 kg por prancha (era 54000 até pouco tempo atrás). Como o peso específico do aço é de 7850 kg/m3, uma placa de 3500 x 1050 x 160 mm pesa uns 4600 kg, o que dá umas 10 a 12 placas por vagão, 6 em cada ponta.
Não consegui fotos dos vagões carregados, apenas (com dificuldade) das placas já empilhadas no cais do porto.
A vantagem dessa carga é sua simplicidade. No protótipo ficam no lugar por seu próprio peso, dispensando peamentos, fueiros etc. Sua execução em HO não deve ser difícil, bastando conseguir as 10 ou 12 plaquinhas de aço (ou outro material pintado, mas nesse caso pode não haver o peso), em escala; e 20 ou 24 sarrafinhos de madeira (para estes, usei folheado de madeira).
As placas podem ser obtidas em serralherias, ferros-velhos, metalúrgicas, ferreiros etc. Em escala, as placas citadas acima teriam 40 x 12 x 2 mm, aproximadamente; e a 0,00785 g/mm3 pesariam 7,5 gramas cada uma; ou 75 a 90 gramas no total.
Se for muito, pode-se furar as placas internas para reduzir o peso; e se for pouco, colocar folhas menores de chumbo entre as placas.
As placas devem ser coladas aos sarrafos de madeira, talvez com Araldite ou Superbonder, e o conjunto fixado ao vagão, com estas mesmas colas, ou por outro meio.
As placas devem ser ajeitadas (empenadas, limadas nas bordas etc.) e em seguida pode-se tentar enferrujá-las.
Tentei, mas não consegui uma ferrugem uniforme e na cor que queria. O resultado mais próximo foi conseguido lavando as placas com detergente e deixando-as molhadas com água pura.
Acabei pintando com guache. Outras tintas podem ser experimentadas.
Um verniz incolor fosco deve ser necessário para manter a pintura ou oxidação no lugar, e não sujar as mãos.
Bibliografia A Gretoeste: a história da rede ferroviária GWBR - 25 Abr. 2016 Índice das revistas Centro-Oeste (1984-1995) - 13 Set. 2015 Tudo é passageiro - 16 Jul. 2015 The tramways of Brazil - 22 Mar. 2015 História do transporte urbano no Brasil - 19 Mar. 2015 Regulamento de Circulação de Trens da CPEF (1951) - 14 Jan. 2015 Batalhão Mauá: uma história de grandes feitos - 1º Dez. 2014 Caminhos de ferro do Rio Grande do Sul - 20 Nov. 2014 A Era Diesel na EF Central do Brasil - 13 Mar. 2014 Guia Geral das Estradas de Ferro - 1960 - 13 Fev. 2014 Sistema ferroviário do Brasil - 1982 - 12 Fev. 2014 |
Ferrovias Estrada de Ferro Goiás - 30 Jul. 2018 Locomotiva GE U23C nº 3902 RFFSA - 8 Out. 2017 Trem Vitória - Belo Horizonte - pontos de venda - 2 Out. 2017 Horários do Trem Vitória - Belo Horizonte - 28 Set. 2017 Litorinas Budd RDC no Brasil - 27 Set. 2017 Trem das Águas - ABPF Sul de Minas - 15 Set. 2017 Fases de pintura das locomotivas English Electric EFSJ / RFFSA - 2 Mai. 2017 A Velha Senhora no trem da Luz a Paranapiacaba (1985) - 22 Fev. 2017 Horários do Trem turístico S. João del Rei - 6 Dez. 2016 Trens especiais Curitiba - Pinhais (1991) - 29 Nov. 2016 Trem turístico a vapor Curitiba - Lapa (1986) - 26 Nov. 2016 Os “antigos” trens turísticos a vapor da RFFSA - 21 Nov. 2016 |
|
|
Ferrovias | Mapas | Estações | Locomotivas | Diesel | Vapor | Elétricas | Carros | Vagões | Trilhos Urbanos | Turismo | Ferreomodelismo | Maquetes ferroviárias | História do hobby | Iniciantes | Ferreosfera | Livros | Documentação | Links | Atualizações | Byteria | Mboabas | Brasília | Home |