Marcos Eduardo Brandão – Centro-Oeste n° 9, (Agosto de 1985)Há uma grande quantidade de peças que fazem falta em sua maquete ou em seus modelos, principalmente aquelas que você gostaria de ter em grandes quantidades, tais como barris, caixotes, tambores, sinos de locomotiva, lanternas, figuras etc. Uma maneira prática de resolver este problema chama-se “faça você mesmo”. Como? Através da micro fundição. Adquira borracha de silicone (uma marca é a Flexite, da Alba Química, encontrada em supermercados e lojas de material de construção em tubos de 55 gramas, cor preta ou transparente) e faça os moldes. O primeiro passo é selecionar o protótipo do objeto que você pretende reproduzir em série, por exemplo, em chumbo. Experimente reproduzir o tambor de óleo feito com as roldanas menores de fita cassete segundo a receita do Centro-Oeste n° 7. A superfície deverá estar limpa, livre de sabão, gordura ou óleo. Para isso, é suficiente um bom banho em água com detergente num recipiente apropriado. Não se esqueça de esfregar bem, com uma escova de dentes usada. Deixe secar sem nenhum contato com as mãos. Agora, prepare uma caixa para fazer o molde. Como as dimensões do protótipo [matriz] são reduzidas, você poderá usar uma caixa de fósforos feita de madeira, tendo o cuidado de retirar as rebarbas e dobras do papel azul na parte interna. Selecione duas “gavetas” de fósforos, já que o molde terá duas metades. Dissolva vaselina em álcool e espalhe a mistura em todo o interior da “gaveta” a fim de evitar que a borracha de silicone grude dentro da caixa. Mas não use quantidade exagerada, certificando-se apenas de que toda a superfície interna esteja devidamente lubrificada.
Abra o tubo e preencha com a borracha o interior da “gaveta”, até as bordas, raspando o excesso com uma espátula ou placa de madeira. Use as bordas da “gaveta” como guia, para que a superfície fique bem lisa e aplainada. A partir de agora, você terá apenas 5 minutos para trabalhar esta metade do molde, enquanto tem início a vulcanização do produto (Figura 1). Durante o processo, ele exalará um forte odor de ácido acético, devendo optar-se por trabalhar em local ventilado e amplo. Evite o contato com a pele e, se houver contato com os olhos, lave-os imediatamente em água limpa [abundante], procurando assistência de um oculista [oftalmologista].
Lubrifique o protótipo (tambor) com a solução de vaselina em álcool, de forma completa mas sem exagero, para não prejudicar os detalhes. A seguir, pressione o protótipo no centro da “gaveta”, na horizontal, até que afunde pela metade. Caso haja algum espaço vazio entre a borracha e as paredes do tambor, você terá aqueles 5 minutos para preenchê-lo, aplicando um mínimo de borracha com um palito de fósforo, sem prejudicar a superfície plana. Se não for aplicado adequadamente, remova o produto com uma toalha de papel. Em tecidos, remova-o imediatamente com aguarrás ou algum solvente que não seja inflamável (Figura 2). Em 5 minutos, forma-se uma película. Em uma hora, seca ao contato. Após 24 horas, a borracha já se vulcanizou. Resista à tentação de experimentar com o dedo para “ver se já secou”. Isto apenas iria arruinar o molde, tirando a matriz do lugar. O protótipo deve permanecer cravado na borracha até terminar o segundo molde [a segunda metade do molde]. Decorridas 24 horas, cubra, com a solução de vaselina em álcool, toda a superfície de borracha e a metade aparente do protótipo (tambor), para que o segundo molde não venha a grudar no primeiro, que deverá ser fixado com fita crepe em local onde todo o conjunto possa permanecer sem ser tocado por outras 24 horas. Lubrifique, com a solução de vaselina, o interior da segunda “gaveta” e preencha-a com borracha, aplainando a superfície. Logo em seguida, pressione a segunda gaveta, com a borracha ainda sem vulcanizar, sobre a borracha vulcanizada e o tambor do primeiro molde. Certifique-se de que as duas caixas estão bem ajustadas e superpostas, coloque um peso em cima e deixe secar todo o conjunto por 24 horas. No modelismo, paciência é a virtude mais importante...
Passado esse tempo, abra as duas metades do molde (Figura 3) e retire o protótipo de seu interior. Se todas as recomendações foram seguidas corretamente, cada metade conterá um “negativo” perfeito do tambor a ser reproduzido. Limpe a vaselina do molde com água e detergente, retirando a “gaveta” de caixa de fósforos, agora inútil. Caso haja alguma rebarba, retire-a trabalhando cuidadosamente com estilete ou faca de modelismo. Com estes instrumentos ou com uma broca de 1/8” (3 mm), cave em cada metade do molde o canal que formará a “chaminé” de introdução do chumbo derretido. Uma alternativa é prever esta “chaminé”, inserindo uma seção de carga de caneta Bic, desde o início da confecção do molde, também coberta com a solução de vaselina. Esta técnica irá exigir mão firme, sendo recomendada apenas após alguma prática adquirida. Outro refinamento é fazer a “chaminé” em forma de cone ou funil, sem exagerar para não eliminar a rigidez do molde.
Pronto o molde, passe um pouco de talco nas duas faces internas e ajuste cuidadosamente as duas metades, entre duas placas de madeira, numa morsa, sem apertar demais este “sanduíche” (Figura 4). Derreta o chumbo em um cadinho de protético, verta-o com cuidado na “chaminé”, espere um minuto e abra o molde com cuidado, pois ainda está quente, e eis a peça fundida em metal. Apare as rebarbas existentes com uma pequena lima e é só pintar. Trabalhar com chumbo sempre é perigoso. Um pingo sobre a pele produz queimadura profunda e os vapores são altamente tóxicos. Não trabalhe com crianças por perto e use um cadinho de braço comprido, que é mais seguro e mais fácil de manipular. Comece experimentando trabalhar com chumbo, usando contrapesos de balancear pneus, encontrados em qualquer borracharia. Se quiser, use um maçarico ou um bico de gás. Para fazer outra peça, resfrie o molde em água corrente, enxugue e seque bem, passe nova camada de talco e repita o processo. Com chumbo, o molde dura tanto, que você vai se cansar de fazer a mesma peça inúmeras vezes. Se a peça que você quiser fazer for muito grande (uma roda de locomotiva a vapor, por exemplo) e se você quiser usar latão ou zamak ao invés de chumbo, então a estória é outra e fica para um outro artigo. […] Acidentes de trabalho não se justificam no modelismo, cujo objetivo é tornar a vida mais leve e alegre, e onde somos nosso próprio patrão. Não deve haver pressa, nem faria sentido trabalhar com o espírito carregado. Procure cercar-se – e aos familiares – de todos os conhecimentos, cuidados e precauções. |
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Moldes para ferreomodelismo
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