Eliezer Magliano
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Insatisfeito com o aspecto e o preço do lastro à venda nas lojas, pensei: — Por que não fazer um lastro de pedra verdadeira, a mesma usada no lastro das ferrovias-protótipo?
Peguei o carro com as crianças, e dei um passeio de 50 km (ida e volta) até uma usina de asfalto próxima à pedreira de Angra dos Reis, pois ninguém vende pó de pedra.
Pedi ao responsável uns 5 kg de pó, do monte que usa, e rumamos de volta para casa. Peguei uns jornais velhos e espalhei o pó ao sol de verão.
Depois de seco, fui para um canto onde a poeira não arranjasse uma briga doméstica, e passei uns 3 kg do pó numa peneira de cozinha, guardando os cascalhos maiores para algum uso futuro.
O pó peneirado foi novamente peneirado, dessa vez numa peneira de meia de nylon — que fiz e funcionou espantosamente bem.
Lavei os 2 "peneirados" da segunda leva — o mais grosso para o lastro, e o mais fino que pareceu ser uma boa cobertura para pátios, estradas etc. (Fotos n° 1 e 2).
Assim que consegui a primeira porção do que pretendia ser lastro em escala, encontrei um problema sério: — Granito em pó não é mais granito.
Em escala HO, o granito se separa em seus componentes: cristais incolores de quartzo e feldspato (não sei quem-é-quem) e biotita (um tipo de mica) em lâminas finas, pretas e brilhantes, que flutuam na água e aderem à pele. Os cristais também brilham demais.
Espero que, colado na maquete e olhado de uma distância normal, isso se pareça com lastro, pois sou um purista, e ainda não aceitei a idéia de pintar lastro — nem me ocorre outra pedra que seja homogênea e cinza (Mar. 1992).
Pintei as pedras com tinta PVA de parede Suvinil, conforme o manual Frateschi (Ferrovias para Você Construir) e ficaram perfeitas — a normal e a fina. Não adianta inventar. Aliás, ficaram bem melhor do que as que tenho visto (Foto n° 3).
A ilustração (abaixo) mostra a peneira que fiz para a segunda peneirada (a primeira foi mesmo com peneira de cozinha). Também serve para peneirar cargas (minérios), gramas (serragem) etc. Tela fina é difícil de encontrar, ao passo que meia de nylon, não. Veja a tabela anexa.
No teste do empedramento, descobri com 10 anos de atraso que não se deve cortar o leito de cortiça com perfil trapezoidal: — As pedras escorregam pelos lados e, para obter equilíbrio, é necessário espalhá-las numa faixa (largura) bem maior que o pretendido.
Normas de Peneira - US e Japonesa | |||||||
---|---|---|---|---|---|---|---|
Furo (mm) |
mesh / pol. |
Furo (mm) |
mesh / pol. |
Furo (mm) |
mesh / pol. |
Furo (mm) |
mesh / pol. |
6,00 | - |
1,68
|
12 |
0,50
|
35 |
0,12
|
|
5,66 | 3-1/2 |
1,50
|
0,42
|
40 |
0,105
|
140 | |
5,00 |
1,41
|
14 |
0,40
|
0,10
|
|||
4,76 | 4 |
1,20
|
0,35
|
45 |
0,09
|
||
4,00 | 5 |
1,19
|
16 |
0,30
|
50 |
0,088
|
170 |
3,36 | 6 |
1,00
|
18 |
0,25
|
60 |
0,075
|
200 |
3,00 |
0,84
|
20 |
0,21
|
70 |
0,062
|
230 | |
2,83 | 7 |
0,75
|
0,20
|
0,06
|
|||
2,50 |
0,71
|
25 |
0,177
|
80 |
0,053
|
270 | |
2,38 | 8 |
0,60
|
0,15
|
100 |
0,044
|
325 | |
2,00 | 10 |
0,59
|
30 |
0,125
|
120 |
0,037
|
400 |
Minha intenção era economizar lastro e peso (maquete de pendurar no teto), mas agora terei que cortar toda a cortiça para um perfil retangular. Um erro óbvio!
Bibliografia A Gretoeste: a história da rede ferroviária GWBR - 25 Abr. 2016 Índice das revistas Centro-Oeste (1984-1995) - 13 Set. 2015 Tudo é passageiro - 16 Jul. 2015 The tramways of Brazil - 22 Mar. 2015 História do transporte urbano no Brasil - 19 Mar. 2015 Regulamento de Circulação de Trens da CPEF (1951) - 14 Jan. 2015 Batalhão Mauá: uma história de grandes feitos - 1º Dez. 2014 Caminhos de ferro do Rio Grande do Sul - 20 Nov. 2014 A Era Diesel na EF Central do Brasil - 13 Mar. 2014 Guia Geral das Estradas de Ferro - 1960 - 13 Fev. 2014 Sistema ferroviário do Brasil - 1982 - 12 Fev. 2014 |
Ferrovias Estrada de Ferro Goiás - 30 Jul. 2018 GE U23C nº 3902 RFFSA - 8 Out. 2017 Litorinas Budd RDC no Brasil - 27 Set. 2017 Fases de pintura das English Electric EFSJ / RFFSA - 2 Mai. 2017 A Velha Senhora no trem da Luz a Paranapiacaba (1985) - 22 Fev. 2017 Trens especiais Curitiba - Pinhais (1991) - 29 Nov. 2016 |
Material1 - Tela 150 x 150 mm, 45 mesh (meia de nylon). 2 - Laterais da peneira — 4 peças de madeira. 3 - Sarrafos do bastidor — 4 peças de madeira. 4 - Pregos 6 x 6 (1,1 x 13,8 mm) — 20 unidades. 5 - Parafusos do bastidor (2,5 x 15 mm, cabeça escareada) — 12 unidades. Desenho: Eliezer Magliano; Fotos: Centro-Oeste. Nota da RedaçãoDe fato, cortar o leito de cortiça com laterais inclinadas (formato trapezoidal) não ajuda muito na hora de espalhar o lastro — "empedramento" da via. Além disso, é trabalhoso chanfrar (cortar com inclinação) metros e metros de cortiça. Minhas sugestões são: 1 - Estreitar a base de madeira (60 mm), caso as linhas não sejam assentadas sobre o tampo de uma mesa (maquete plana). Estreitar também o leito de cortiça (32 mm, no máximo). Isso disfarça o fato de que toda mini-ferrovia é muito curta. 2 - Cortar o leito de cortiça com laterais verticais (a pique) pois as pedrinhas se acumulam nos cantos, formando uma base menos escorregadia para as que virão por cima. 3 - Um "meio-chanfro", só na parte de cima da cortiça, ajudará a escondê-la embaixo das pedras — ao mesmo tempo que deixa aparecer a ponta de alguns dormentes, entre as pedras. Prefiro usar cortiça de 5 mm, pois dá mais imponência ao trem. No entanto, há quem prefira cortiça de 3,5 ou 4,2 mm. Não aconselho isopor, nem papelão — problemas no futuro (FRC). |
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