Ferreomodelos
Um caboose para o trem de amônia (III)
Kelso Médici — Centro-Oeste nº 71 (1º-Out-1992)
Escadas e estribos
Os estribos (degraus) da varanda são confeccionados em fio metálico,
conforme a Fig. 10, e colados atrás da "saia" do chassi,
ficando visíveis 3 mm.
As escadas das portas laterais são feitas conforme a Fig.11. Acrescente
o degrau (piso) e cole-as ao chassi, embaixo das portas. O rasgo encaixa
na "saia" do vagão, e o ressalto de ponta curva fica do
lado externo.
A Fig. 12 mostra em detalhe o suporte das roldanas das portas laterais.
A Fig. 13 detalha as guias do friso inferior das portas laterais (ver
CO-70).
Cúpula
Esta é, depois do conjunto das portas laterais, a parte mais trabalhosa.
Será mais facilmente manuseada se for "fabricada" à
parte. Devem ser coladas as peças e, só depois, abrir as janelas.
As peças da Fig. 14 são mostradas em uma só parte, porém
devem ser cortadas na linha horizontal.
As partes inferiores, que formam dois triângulos, deverão ser coladas
na posição vertical — formando ângulo de 90 graus com o teto
—, por ocasião da colagem da cúpula ao teto.
Devem ser feitos ajustes com as peças da Fig. 15 e, após a colagem,
cortar na linha horizontal.
As arestas das peças das Fig. 14 e 15, a serem coladas entre si, devem
ser chanfradas em 45 graus, para que mantenham as dimensões indicadas no
desenho (escala correta). Ou, senão, diminuir um dos pares de peças,
para "soldar" pela lateral interna das outras.
Agora, cole o teto da cúpula, com as dimensões indicadas
na Fig. 16.
Após a secagem da "solda", remova os excessos de chapa;
abra os rasgos das janelas; e ajuste a cúpula ao teto do vagão,
colando-a em seguida sobre ele.
No meu modelo, cortei a parte do teto do vagão que fica embaixo
da cúpula, e fiz um fundo falso.
Os corrimãos do teto são feitos com arame de 0,3 mm, colocados
conforme as dimensões mostradas no desenho n° 16. Os respiros
foram feitos com tubinhos de 2 mm de diâmetro e fixados com Araldite.
Pintura
Para ter melhor acesso à varanda, para pintá-la, deixe para montar
a escada, as grades e os corrimãos após a pintura. Não pinte,
ainda, o acabamento posterior do teto e a parte posterior do estrado.
Os procedimentos para pintura estão descritos no Informativo Frateschi
n° 40 (IF-40), Centro-Oeste
n° 15 (CO-15/4) e Centro-Oeste DC n° 16-17 (DC-16-17/24).
Não tenho o nome da cor original do vagão protótipo. Assim,
usei esmalte sintético Coralit, cor Platina (n° 016), aplicado com
rolo e pincel, diluído com aguarrás. Por sinal, usei tinta velha,
e a pintura deixou muito a desejar.
O ideal seria pintar com aerógrafo, usando tinta nova.
Os estribos (degraus) das portas laterais e da varanda são pintados com
esmalte sintético preto.
Agora, sim, monte a escada, as grades da varanda e os corrimãos, conforme
a Fig. 7, colando os arames de 0,3 mm com Araldite ou Super Bonder. Cole o volante
do freio manual.
O vagão está pronto para receber decais, verniz fosco e envelhecimento,
inclusive marcas de corrosão. Tais procedimentos estão descritos
no CO-16/5; no
CO-18/8;
no IF-43/12; na Revista Brasileira de Ferreomodelismo n° 3 (RBF-3/23); e Revista
Ferroviária de 1988/Nov (RF-8811/43).
Os decais são da primeira folha LAF para vagões, lançada
por volta de 1985; e de uma folha de decais para vagões-tanque, cuja marca
ignoro, adquirida há muito tempo na Minitec.
Além do logotipo e do nome da Fepasa, as demais inscrições
são:
1 — SAPATAS FENÓLICAS
2 — FACES TRAÇÃO
COMP. 12,97 m
3 — CNB 341575-9
4 — TARA 15,0 t
LOT. MAX. 20,0 t
P. BRUTO 47,0 t
5 — Quadro de revisões.
Numerar as rodas de 1 a 8, na faixa lateral de 2,5 mm de largura, na direção
dos eixos.
Após o envernizamento, são colocados os vidros e as telas — estas
últimas, também já com verniz fosco — nas janelas. Não
sei o número da malha da tela, porém deve ser a mais "fechada"
possível. Usei tela de filtro de máquina de café, porém
já não lembro a marca.
Adapte os truques e os engates, observando a altura correta desses últimos
após a colocação dos truques.
Finalmente, o sistema de freios sob o estrado. Adaptei-o do sistema de freios
da gôndola ref. 2018 da Frateschi, encontrado avulso nos revendedores.
A adoção de truques Phoenix dispensa o uso de lastro, uma vez que
são fabricados em liga metálica, e as rodas são torneadas
em latão.
Diferenças
A janela que não modelei (comparar modelo e protótipo;
fotos no CO-69/1) é um respiro tipo veneziana, e não abre. Preferi
não modelar, por falta de material, a fazer uma má adaptação.
Como disse no início do artigo (CO-69/11), alguns desses cabooses foram
adaptados para finalidades diversas, daí as pequenas diferenças
entre um e outro.
Diferenças no posicionamento da escada, freio manual, grade da varanda,
janelas, portas corrediças, respiros no teto da cúpula, e até
na pintura.
O "vizinho" do 575, ou seja, o CNB 341.576-7, por exemplo, é
marrom com portas laterais lisas; enquanto o 567-8 é vermelho-óxido
com "venezianas" nas portas laterais; e o 580-5 é amarelo, com
pantógrafo, grade (guarda-corpo) no teto, grades nas janelas (que são
mais numerosas), e seu prefixo é FNB.
O Eduardo Peretto (Socorro, SP) escreveu-me dizendo que, se sua memória
não falha, esses vagões eram amarelos, no tempo da Mogiana.
Conclusão
Espero ter conseguido passar as informações de modo fácil
e simples. Se assim foi, você já pode curtir por completo sua composição
de amônia.
O que disse sobre os produtos Phoenix, nesse artigo, pode parecer propaganda,
mas o intuito foi de prestar informações aos colegas, já
que são produtos pouco conhecidos pela maioria.
Prometi à Phoenix um retorno de informações quanto ao desempenho
dos truques e engates. Ainda não tive oportunidade de testá-los
mas, logo que possível, procurarei passar minhas opiniões através
do Centro-Oeste. Posso adiantar que são fabricados na escala correta, e
com acabamento esmerado.
Finalmente, gostaria de agradecer ao Sílvio, da Phoenix, pela pronta colaboração
e espírito de coleguismo, para com um ferreomodelista em apuros.
Meus agradecimentos ao Walter, da Coordenadoria Técnica, que me forneceu
a planta e outros detalhes; e ao Sílvio Pezzoni, que me acompanhou no pátio,
por ocasião das fotos — ambos da Fepasa em Sorocaba —, contribuindo para
o êxito desse trabalho.
Kelso Médici, 92/Maio/17
Notas
N. R.: O caboose construído pelo Kelso Médici ganhou o 1°
lugar no concurso de construção de modelos da I Mostra de Ferreomodelismo
do Clube Paulista (CP), em maio último (FRC).
N. W.: A Phoenix
deixou de existir alguns meses após a publicação do artigo
(FRC).