Flavio R. Cavalcanti, 5 Nov. 2009O primeiro passo para planejar a espiral de trilhos é definir os padrões que serão utilizados na maquete, como um todo:
Note que esses parâmetros não serão, necessariamente, os mesmos, na espiral e no resto da maquete (veja ao lado). Somando o gabarito de 76,2 mm recomendado pela NMRA, a altura dos trilhos + dormentes (grade, 5 mm), mais a cortiça (3,5 mm), e uma base de madeira de 20 mm, teremos facilmente a necessidade de um espaçamento total de 105 mm entre as diversas voltas da espiral, medido de base-a-base: A tabela abaixo mostra a extensão necessária (Percurso) para obter diferentes alturas a cada volta completa de uma espiral e o Raio necessário para obter um Percurso com essa extensão , conforme seja adotado um gradiente de 2,27%, de 2%, ou de 1,5%.
Se você planejar o gradiente dos trilhos em 2,27% — que não é tão "suave" quanto gostaríamos —, o espaçamento vertical de 105 milímetros entre cada volta da espiral vai exigir nada menos que 4.625,6 mm de percurso. Para ter essa extensão em cada volta, o raio deve ser de 736,2 mm. Resista à tentação de "economizar" na altura de algum dos itens considerados na soma. — Pelo contrário, lembre que não basta a altura exata, com a maior locomotiva raspando no "teto". — O ideal é deixar uma margem extra. Imagine que um vagão ou locomotiva descarrile, e você precise recolocá-la nos trilhos. Se não houver espaço para passar os dedos entre a locomotiva e o "teto", no local, a tarefa pode ficar chata. Preveja mais algumas situações. A cortiça pode ser de 2,5 mm. Mas, valerá a pena aumentar o ruído da composição, trafegando escondida na espiral, para economizar 1 mm de espaçamento vertical entre as voltas sucessivas? O ganho é pífio. Cuidado, principalmente, antes de optar por uma base de madeira mais fina. — Se a espiral tiver 4 suportes, um para cada quadrante (90 graus), as curvas deverão manter-se firmes por 1/4 da extensão da volta completa. Ou seja, cada base deverá manter-se firme num trecho de 66 cm — sem suporte — e em curva. Isso é motivo mais do que suficiente para levar a sério a recomendação de usar um compensado de 20 mm, e de boa qualidade. Resista, igualmente, à tentação de trocar a espessura e a qualidade do compensado por um número maior de apoios. Até 6 apoios, vá lá no máximo 8, se optar por um raio de curva bem mais amplo do que os 736 mm considerados neste exemplo. Mas vá com calma. Primeiro, porque cada suporte deverá ser muito bem ajustado, verticalmente, para assegurar uma rampa regular, sem oscilações para mais e para menos, ao longo de toda a espiral. Basta um suporte sem ajuste, para introduzir uma oscilação de gradiente em todas as voltas da espiral. E segundo, porque mais de 6 suportes verticais acabarão exigindo quadros menores na estrutura da maquete — maior número de travessas e/ou longarinas, para fixá-los adequadamente —, o que tornará mais apertado o espaço para trabalho, manutenção e socorro. Note que, para utilizar 12 suportes, a maquete da SBF utilizou um emaranhado de longarinas e travessas na região em torno da espiral mas foi necessário interrompê-los para abrir um acesso de trabalho no centro do conjunto. Claro, nem pensar em fazer uma espiral sem acesso — e o menos incômodo possível — para todo o tempo de vida que a mini-ferrovia vier a ter. E bote tempo nisso, considerando o investimento na espiral — madeira, cálculo, corte, montagem, ajustes etc. A qualquer momento, no futuro, você poderá refazer uma das prateleiras (ou "níveis") da maquete, depois outra — sempre reaproveitando a espiral, se for bem planejada e bem construída. Nem pense em pseudo-compensado (virola?), aglomerado, eucatex, fórmica, papelão, isopor etc., a menos que tenha vocação para cobaia. Espiral de trilhos para maquete em vários níveis
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