Flávio R. Cavalcanti
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Tenho alguns vagões Athearn e notei grande diferença de tamanho entre seus truques e os da Frateschi, bem como no
diâmetro das rodas. Quem está certo nessa estória? A melhor forma de compatibilizar engates, é adotar um tipo único em toda sua frota. Existem vários tipos na Europa, cada um mais ou menos ligado à força do fabricante que o adota. Fabricantes fortes como Märklin, Fleischmann, Roco etc. têm aperfeiçoado cada vez mais seus respectivos engates — e, finalmente, foi padronizado um sistema de encaixe que permite trocar facilmente um engate por outro. Desta forma o modelista europeu pode reunir material de várias marcas, e substituir facilmente os engates, padronizando sua frota com o tipo que mais lhe agrada. |
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Um aspecto que merece ser levado em conta, na escolha do tipo de engate, é se ele permite ou não o "desengate retardado": — A possibilidade de realizar o desengate na entrada de um pátio, e em seguida empurrar os vagões até onde queremos deixá-los, sem que o engate torne a se fechar (Fig. 7). Não acompanho o mercado mundial, mas encontro no catálogo Fleischmann 92/93 a indicação de que seu engate "Profi" realiza o desengate retardado. O catálogo Roco 87/88 também apresenta itens com esta capacidade. O tipo adotado pela Frateschi é um dos mais tradicionais, e ainda hoje é uma das alternativas oferecidas pela Märklin (muitos o chamam "engate Märklin") além da Fleischmann, entre outras. O "engate Märklin" era o tipo adotado no Brasil pela Atma, quando a Frateschi lançou seu primeiro vagão (gaiola ref. 2001), em 1969. |
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A Frateschi substituiu a estamparia em lata, da Atma, por algo menos grosseiro, em plástico, mantendo apenas o anel em metal para funcionar por magnetismo. Nos anos 80, a Frateschi refez o molde de seu engate, tornando-o mais discreto e reduzindo um pouco mais a distância entre os vagões. Apesar da evolução já registrada, o material Frateschi ainda não adota o sistema de encaixe (para substituição fácil), e que eu saiba não existe forma de empurrar um vagão, sem que o engate torne a se fechar. Trocá-lo pelo X2f que vem instalado nos vagões Athearn, não parece interessante. O X2f é pouco atrativo, como opção para converter toda sua frota. Já o engate Märklin / Frateschi, embora não seja o melhor do mundo, tem a vantagem do desacoplamento magnético — além de já estar presente na maior parte de sua frota. É mais econômico substituir o engate X2f de uns poucos vagões Athearn. Uma ótima solução foi lançada no Brasil em meados de 1991: — O engate híbrido Kadee / Frateschi, produzido pela Phoenix (ver DC-13/2). Era um engate Märklin / Frateschi (ainda mais discreto), instalado numa caixinha semelhante à do Kadee. Bastava tirar o engate X2f e colocar o híbrido da Phoenix no lugar. Infelizmente, a Phoenix fechou no final de 1992. Outra alternativa simples é substituir os truques Athearn pelos da Frateschi, que já vêm com o engate numa haste. O engate KadeeNos EUA, o esforço parece ter sido mais no sentido de padronizar um tipo de engate universalmente aceito, do que apenas padronizar um encaixe que permita a rápida substituição de um tipo por outro. No entanto, ambas as coisas foram atingidas — já há bastante tempo. Fabricantes americanos procuram reduzir os preços (e seus custos) ao mínimo. Assim, praticamente todo material HO sai de fábrica com o baratíssimo engate "Horn-hook" ou X2f, que alguns chamam "engate NMRA" — embora a NMRA (associação nacional de ferreomodelistas dos EUA) frise que nunca o adotou como recomendação oficial. |
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Na prática, a grande maioria dos modelistas norte-americanos que ultrapassam o feijão-com-arroz inicial, acabam por adotar engates Kadee — algo assim como o padrão dos modelistas sérios. Isto é muito fácil, já que o encaixe do X2f é plenamente compatível com o encaixe do Kadee. Há mais algumas opções nos EUA, inclusive o Mate-a-Matic, que se acopla aos engates X2f e Kadee, dispensando a necessidade do modelista padronizar toda sua frota. Mas parece que nenhum afeta o reinado do Kadee. O engate Kadee é o que mais se assemelha ao engate 1:1 adotado nos EUA — bem como no Brasil das 3 últimas décadas (Fig. 5 e 6). |
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Caso opte por substituir os engates Frateschi, recomendo adotar o Kadee, instalando-o no estrado dos vagões — ou nos truques, deixando um toco da haste do engate original Frateschi. Esta última alternativa foi apresentada por José Agenor no CO-67. |
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Instalar Kadee nos truques é altamente recomendável quando se trata de vagões ou carros longos (como os modelos Budd produzidos pela Frateschi), para evitar descarrilamento em curvas.
Ímãs para desengateHá muito tempo deixei de usar a grade ref. 4110D — aliás por sugestão de Celso Frateschi (naturalmente, não aplicável, em massa, aos iniciantes). Para engates Märklin-Frateschi, na EF Pireneus-Paranã (1984), instalei ímãs retirados de fechos para armário de cozinha (Fig. 1). |
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Note que a polaridade (Norte-Sul) do ímã deve ser orientada para a vertical. Não importa, se o "Norte" aponta para cima ou para baixo. Os ímãs obtidos desta forma têm 6 mm de espessura, e não cabiam na cortiça de 5 mm. Cavei mais 2 ou 3 mm na base de madeira (compensado), e assim os ímãs ficaram totalmente escondidos (Fig. 2). Inicialmente pretendia marcar a localização dos ímãs com algum marco de linha, figuras HO, postes, algum rodeiro velho "jogado" à beira da linha, uma touceira de grama etc. Na prática, os ímãs levantavam os engates Frateschi com tal força, que dava para escutar a 2 m de distância, e acabei dispensando a marcação dos pontos de desengate. |
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Para o desengate normal dos Kadee, o mesmo ímã de fecho de armário deverá ser deitado sobre sua lateral, de modo que a polaridade Norte-Sul fique transversal ao eixo da via férrea (Fig. 3). O desengate retardado ("delayed action" — Fig. 7) faz parte da propaganda institucional da Kadee, e realiza-se com uma grade com ímã, semelhante à grade Frateschi ref. 4110D. Esta grade "delayed action" custa US$ 4,45. Kadee também oferece sua versão eletro-magnética por US$ 8,50 (preço de tabela). A semelhança com a grade ref. 4110D termina na aparência (aliás nada realista). Para o desengate retardado dos Kadee, basta empregar 5 ímãs de fecho de armário, formando uma cruz (Fig 4). |
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Não fiz muitos testes com esta última alternativa, que pretendo adotar daqui por diante. É possível que bastem 2 ou 3 ímãs, para obter a "delayed action". Pode parecer exagero, mas deve-se lembrar que basta um desses conjuntos, na entrada de um feixe de linhas, para poder manobrar com todas elas. Truques & rodas |
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Os truques adotados nos vagões HO americanos — e não só da Athearn — têm aparência mais real do que os truques tradicionais dos vagões de carga da Frateschi. Além do tamanho das rodas, há a distância entre os eixos; e a distância do centro do truque até a extremidade do vagão. Isso pode ser notado no vagão importado pela Frateschi (foto no CO-87/26). Devido à haste de seu engate, o truque Frateschi também não foi projetado para essa curta distância da extremidade do vagão. Lembrar que nos EUA a maioria dos modelos têm o engate fixado no estrado (e só em alguns casos, no truque). Infelizmente, a política de preços baixos leva a maioria dos fabricantes americanos à adoção de rodeiros de plástico, que dão aos modelos menor estabilidade e menor facilidade de rolamento. Os rodeiros metálicos Frateschi oferecem rolamento bem superior. Truques menores e com rodas RP-25 foram produzidos no Brasil durante 5 anos, pela Phoenix, do final de 1987 até o final de 1992. O micro-produtor oferecia 5 opções de truque: — Arch-bar, Ride Control, Barber stabilized, Bettendorf, e Bettendorf T-Section. Os truques Phoenix usavam rodas metálicas (como os da Frateschi) e tinham molas verdadeiras. De fato, eram um produto de categoria acima do feijão-com-arroz, para o modelista mais exigente e habilidoso. Considerando o custo de produção e distribuição, eram muito baratos. Infelizmente, também neste caso, poucas lojas interessaram-se em dispor do produto para oferecer aos clientes ferreomodelistas. A solução já começa a bater à nossa porta. A Frateschi acaba de desenvolver novo truque Ride Control, menor, para os vagões tanque encomendados pela Atlas. O novo Ride Control será adotado em toda linha de vagões Frateschi — exceto aqueles que exigem o truque Arch Bar (FRC). Sugestões de leitura
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