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Origens da CBTUA Companhia Brasileira de Trens Urbanos – CBTU foi criada pelo Decreto-Lei n° 89.396 [22 Fev. 1984], com o desmembramento gradual dos sistemas de trens urbanos até então operados diretamente pela Rede Ferroviária Federal – RFFSA. Aos poucos, os sistemas urbanos operados pela RFFSA no Rio de Janeiro, São Paulo, Belo Horizonte, Salvador, Maceió, Recife, João Pessoa, Natal e Fortaleza, foram incorporados à CBTU. A partir da Lei nº 8.693 [3 Ago 1993], as unidades de São Paulo, Rio de Janeiro, Salvador e Fortaleza começaram a ser transferidas para os governos locais. A partir do Decreto n° 4.566 [1° de janeiro de 2003], a CBTU passou a ser vinculada ao Ministério das Cidades.
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Trem suburbano de Salvador
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A Gerência de Transportes Urbanos de Salvador (GTU-SAL) foi transferida da RFFSA para a CBTU em 1º Jan. 1988.
Quase 18 anos depois, em 30 Nov. 2005, a administração e a operação do trem de subúrbio foram transferidas para a Companhia de Transporte de Salvador – CTS, da prefeitura da capital baiana.
Nesse meio tempo, o trem de subúrbios de Salvador atingiu o fundo do poço, no final da década de 1990, e conseguiu iniciar uma recuperação surpreendente, diante da crônica falta de investimentos na substituição da infraestrutura, da sinalização e do material rodante ao longo de décadas [Para uma visão do período, do ponto de vista da indústria de material ferroviário, observe as encomendas de 1988 a 2005].
Se a qualidade do serviço e sua adequação à demanda crescente já vinham decaindo de longa data, a mera transferência da RFFSA para uma empresa focada no transporte urbano não seria suficiente para reverter o processo. Era fundamental que, ao mesmo tempo, o governo federal quisesse e conseguisse alocar recursos para a tarefa que encarregou a CBTU de realizar. Acontece que as décadas de 1980 e 1990 foram de dificuldades crescentes (não só para o Brasil), e quase todas as empresas estatais se viram cada vez mais à míngua de recursos para investimento, a par com restrições ao reajuste de suas tarifas diante da inflação. Sem recursos até para o custeio operacional, aos administradores e técnicos só restava colar com cuspe e barbante, para evitar ou adiar o colapso geral, na esperança de alguma mudança que, na verdade, ninguém vislumbrava no horizonte [Um levantamento incompleto! feito por Alexandre Santurian mostrou nada menos que 54 locomotivas em reparos ou imobilizados na SR7 da RFFSA em 1992].
É nesse quadro que logo no primeiro ano de administração pela CBTU a simples conquista de uma jornada de trabalho, na Constituição de 1988, “obrigou” a suspender o funcionamento do trem de Salvador aos Domingos; a suprimir o último horário (23:00), nos dias úteis; e a liberar o acesso aos usuários em 4 estações, com a consequente evasão de receita [Relatório 1988].
Outro exemplo de canibalização foi a redução do número de carros por trem, em 1992, para diminuir o consumo de energia elétrica (-9%) na tração, aumentar a oferta de trens e, desse modo, reduzir o intervalo de 20 para 15 minutos nos horários de pico. E foi uma glória, concluir a reforma de 1 TUE, passando a operação a “dispor” de 6 TUEs para o tráfego, pela primeira vez em 10 anos [Relatório 1992]. De fato, nota-se uma disponibilidade média de 5 TUEs ao longo do ano seguinte, tornando a cair para a média de 4 TUEs em 1994 e 1995, e voltar à média de apenas 3 nos anos seguintes.
Em 1996, a Subestação de Periperi entrou em colapso, o que sobrecarregou a Subestação de Lobato, que também começou a apresentar problemas a partir de Maio. Para evitar o pior, a partir de Junho o intervalo entre as viagens foi ampliado de 15 para 30 minutos, e a frota em tráfego reduzida de 4 para 2 TUEs de modo a aliviar a demanda sobre a rede elétrica. Obteve-se uma pequena recuperação a partir de Setembro, com redução do intervalo para 20 minutos e aumento da frota em tráfego para [ilegível] TUEs porém, o fator principal do aumento observado no número mensal de “passageiros transportados” foi a melhoria na vigilância das estações, a partir de Julho, “propiciando a redução” da evasão no sistema [Relatório 1996].
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Dois tópicos são recorrentes nos Relatórios CBTU ao longo da segunda metade da década de 1990: (a) As previsões de recursos para recuperação da ponte São João, sem manutenção desde sua construção em 1952; e (b) As negociações e preparativos para a descentralização do trem de subúrbio, ou seja, sua entrega para ser adminsitrado e operado pela Prefeitura de Salvador, também com previsões de recursos para recuperação, modernização, ampliação etc. que, afinal, não chegavam, ou chegavam drasticamente reduzidos.
Em 2002, por exemplo, a proposta orçamentária previu R$ 20,65 milhões para o trecho Calçada-Paripe. A Lei Orçamentária destinou ao programa apenas R$ 4,77 milhões, dos quais disponibilizados e executados somente R$ 0,79 milhão [Relatório 2002].
Trem de Subúrbios de Salvador sob administração e operação da CBTU |
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Ano | Passageiros (mil) | Esta- ções |
TUEs | Trens formados |
Pass. / viagem |
Pes- soal |
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Ano | Dia útil |
Dia Máx. |
Exist. | Média | |||||
1987 | 6.658 | ||||||||
1988 | 4.999 | 4 | 23.748 | 211 | |||||
1989 | 5.602 | 20,0 | 42 | 4 | 23.897 | 234 | |||
1990 | 5.172 | 20,0 | 49 | 4 | 24.344 | 212 | |||
1991 | 4.759 | 17,0 | 42 | 3 | 25.549 | 186 | |||
1992 | 1.780 | 6,0 | 22 | 3 | 27.430 | 65 | |||
1993 | 2.420 | 9,0 | 35 | 9 | 9 | 5 | 28.563 | 234 | |
1994 | 1.875 | 7,0 | 32 | 9 | 9 | 4 | 26.777 | 70 | 229 |
1995 | 1.516 | 6,0 | 9 | 9 | 4 | 25.714 | 221 | ||
1996 | 1.211 | 5,0 | 9 | 9 | 3 | 205 | |||
1997 | 1.088 | 4,0 | 9 | 9 | 3 | 192 | |||
1998 | 1.041 | 4,0 | 10 | 9 | 3 | 173 | |||
1999 | 1.178 | 4,0 | 10 | 8 | 3 | 173 | |||
2000¹ | 2.063² | ||||||||
2001¹ | 2.939 | ||||||||
2002 | 3.081 | 10,9 | 10 | 8 | 3 | 173 | |||
2003 | 4.259 | 14,7 | 10 | 8 | 3 | 178 | |||
2004 | 4.483 | 16,6 | 10 | 8 | 3 | 177 | |||
2005³ | 4.013 | 15,6 | 10 | 8 | 3 | 210 | |||
(¹) Links não dão acesso aos dados de Salvador nos Relatórios 2000 e 2001. (²) Dados na Wikipedia, com link (quebrado) para antiga página da CBTU. (³) Dados até 30 Nov. 2005, quando a CBTU passou a operação à CTS. Fonte: Relatórios CBTU em http://www.cbtu.gov.br/ [17 Jun. 2015]. |
Não é pouco, portanto, que depois de chegar a transportar apenas 1 milhão de passageiros em 1997 e em 1998 a CBTU conseguisse alcançar quase 4,5 milhões de passageiros transportados em 2004.
Com a raspa do tacho dos velhos trens, infraestrutura, sinalização etc. castigados por décadas de pouca ou quase nenhuma manutenção adequada.
O aspecto dos TUEs ACF-Pidner nessa fase de recuperação da CBTU mostra que, afinal, recursos acabaram chegando, sim para a entrega do sistema de transporte ferroviário do subúrbio à CTS - Companhia de Transportes de Salvador.
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