Guindastes ferroviários no Brasil
|
Tradicionalmente associados à remoção dos escombros de acidentes ferroviários, os guindastes de socorro também servem para serviços pesados de manutenção da via permanente, sendo especialmente úteis na substituição de pontes.
Sua evolução tecnológica seguiu os padrões europeus e americanos, inicialmente de forma bastante distinta, tendo posteriormente misturado as principais características de ambos nos guindastes modernos.
Os guindastes de socorro na Europa tiveram seu estilo associado ao gabarito mais restrito, tanto em dimensões quanto na sua capacidade.
Na Inglaterra, por exemplo, os maiores guindastes, até a década de 1950 tinham em média 50 toneladas de capacidade, sendo raros na Europa Ocidental exemplares para mais de 100 toneladas.
Nos Estados Unidos, entretanto, o gabarito mais amplo já tornava necessários guindastes para até 100 toneladas no início do século XX, sendo comum já na década de 1940 os modelos para até 250 toneladas.
As principais ferrovias brasileiras logo perceberam a importância dos guindastes de socorro, adquirindo-os geralmente segundo a influência técnica ou econômica que recebiam do exterior.
As tipicamente inglesas Sao Paulo Railway (posteriormente EF Santos a Jundiaí) e Leopoldina Railway (EF Leopoldina) preferiam guindastes ingleses para até 35 toneladas, muitas vezes tendo que pagar pelo aluguel de irmãos maiores da Central do Brasil.
A evolução técnica dos guindastes europeus foi bastante dinâmica, procurando competir com os americanos pelo grande mercado de modernização das ferrovias após a II Guerra Mundial.
Características marcantes são o uso de lanças mais longas, muitas vezes em treliça, tal como os recentes modelos Takraff em uso pela RFFSA, e os já mencionados contrapesos removíveis para deixar o guindaste mais leve para transporte.
Tabela II – Principais guindastes de socorro “europeus” no Brasil | ||||||
---|---|---|---|---|---|---|
Ferrovia | Número | Cap. | Fabricante | Ano | Bitola | Notas |
EFSJ | 20 t | Cowans Sheldon | 1901 | 1,60 m | Manual (1) | |
EFSJ | 35 t | Craven Brothers | 1914 | 1,60 m | Vapor (2) | |
Fepasa | GF-109 | 40 t | Ransomes & Rapier | 1,00 m | Vapor | |
Fepasa | GF-101D | 100 t | Cowans Sheldon | 1968 | 1,00 m | Diesel |
EFVM | GDSS-1 | 120 t | Krupp-Ardelt | 1961 | 1,00 m | Diesel |
RFFSA | (vários) | 100+ t | Takraf | 1992 | 1,00 m | Diesel (3) |
(1) – Preservado nas oficinas da Lapa, São Paulo, SP (RFFSA/SR-4) (2) – Acidentado em 1991 (3) – Ainda em testes no pátio de Praia Formosa, Rio de Janeiro, RJ, em 1992/Dez |
A tabela II lista alguns dos principais guindastes de socorro europeus no Brasil.
A EF Central do Brasil foi a nossa maior usuária de guindastes de socorro americanos, tendo adquirido em 1908 um exemplar para 50 toneladas — possivelmente o maior de toda América do Sul na época.
Em 1921 a Central adquiriu um modelo para 75 toneladas, e posteriormente, em 1926, um ainda maior para 100 toneladas. A eficiência e robustez destes guindastes foi posta à prova durante mais de 60 anos de serviço, que — ao menos para o de 1908 — oficialmente pode ainda não ter acabado (ver tabela II).
A dieselização da Central, a partir de 1943, fez necessária a aquisição de guindastes de capacidade ainda maior, já que o peso médio das novas locomotivas diesel seria da ordem de 100 toneladas.
Atendendo a essa necessidade, foram adquiridos em 1949, três exemplares para 200 toneladas — os de maior capacidade no Brasil até hoje, e também os primeiros de socorro com motor diesel.
A firma americana Orton, Crane & Shovel, fabricante destes guindastes, acabou tornando o nome Orton sinônimo de guindastes no Brasil, devido à escolha de seus modelos de bitola larga e métrica pela RFFSA, para reequipar todas as suas ferrovias a partir da década de 1960.
Tabela I – Principais guindastes de socorro “americanos” no Brasil | ||||||
---|---|---|---|---|---|---|
Ferrovia | Número | Cap. | Fabricante | Ano | Bitola | Notas |
EFCB | 1 | 100 t | Industrial Works | 1926 | 1,60 m | Vapor (1) |
EFCB | 2 | 75 t | Industrial Works | 1921 | 1,60 m | Vapor (2) |
EFCB | 3 | 50 t | Industrial Works | 1908 | 1,60 m | Vapor (3) |
EFCB | 6 | 200 t | Orton Crane & Shovel | 1949 | 1,60 m | Diesel |
RFFSA | 9 (EFCB) | 100 t | Orton Crane & Shovel | 1960 | 1,60 m | Diesel |
RFFSA | 11 (EFCB) | 100 t | Orton Crane & Shovel | 1972 | 1,60 m | Diesel (4) |
RFFSA | 12 (EFCB) | 180 t | Orton Crane & Shovel | 1975 | 1,60 m | Diesel |
EFCB | 102 | 68 t | Orton Crane & Shovel | 1949 | 1,00 m | Diesel |
RFFSA | 101 (VFCO) | 100 t | Orton Crane & Shovel | 1976 | 1,00 m | Diesel (5) |
(1) – Preservado pela ABPF-RJ, aguarda restauração (2) – Baixado e sucateado (3) – Parcialmente desmontado nas oficinas da Lapa em 1991/Nov (4) – Lança curta, usado pela CBTU no Rio de Janeiro (5) – Exibe a marca “Orton Mc Cullough” na extremidade da lança |
Ferreomodelismo Backlight em maquetes de ferreomodelismo - 5 Nov. 2017 Luzes de 0,5 mm (fibra ótica) - 2 Jun. 2016 Vagão tanque TCQ Esso - 13 Out. 2015 Escalímetro N / HO pronto para imprimir - 12 Out. 2015 Carro n° 115 CPEF / ABPF - 9 Out. 2015 GMDH-1 impressa em 3D - 8 Jun. 2015 Decais para G12 e C22-7i MRN - 7 Jun. 2015 Cabine de sinalização em estireno - 19 Dez. 2014 Cabine de sinalização em palito de fósforo - 17 Dez. 2014 O vagão Frima Frateschi de 1970 - 3 Jun. 2014 Decais Trem Rio Doce | Decais Trem Vitória-Belo Horizonte - 28 Jan. 2014 Alco FA1 e o lançamento Frateschi (1989) na RBF - 21 Out. 2013 |
Ferrovias Estrada de Ferro Goiás - 30 Jul. 2018 Locomotiva GE U23C nº 3902 RFFSA - 8 Out. 2017 Trem Vitória - Belo Horizonte - pontos de venda - 2 Out. 2017 Horários do Trem Vitória - Belo Horizonte - 28 Set. 2017 Litorinas Budd RDC no Brasil - 27 Set. 2017 Trem das Águas - ABPF Sul de Minas - 15 Set. 2017 Fases de pintura das locomotivas English Electric EFSJ / RFFSA - 2 Mai. 2017 A Velha Senhora no trem da Luz a Paranapiacaba (1985) - 22 Fev. 2017 Horários do Trem turístico S. João del Rei - 6 Dez. 2016 Trens especiais Curitiba - Pinhais (1991) - 29 Nov. 2016 Trem turístico a vapor Curitiba - Lapa (1986) - 26 Nov. 2016 Os “antigos” trens turísticos a vapor da RFFSA - 21 Nov. 2016 |
Bibliografia A Gretoeste: a história da rede ferroviária GWBR - 25 Abr. 2016 Índice das revistas Centro-Oeste (1984-1995) - 13 Set. 2015 Tudo é passageiro - 16 Jul. 2015 The tramways of Brazil - 22 Mar. 2015 História do transporte urbano no Brasil - 19 Mar. 2015 Regulamento de Circulação de Trens da CPEF (1951) - 14 Jan. 2015 Batalhão Mauá: uma história de grandes feitos - 1º Dez. 2014 Caminhos de ferro do Rio Grande do Sul - 20 Nov. 2014 A Era Diesel na EF Central do Brasil - 13 Mar. 2014 Guia Geral das Estradas de Ferro - 1960 - 13 Fev. 2014 Sistema ferroviário do Brasil - 1982 - 12 Fev. 2014 |
|
|
Ferrovias | Mapas | Estações | Locomotivas | Diesel | Vapor | Elétricas | Carros | Vagões | Trilhos Urbanos | Turismo | Ferreomodelismo | Maquetes ferroviárias | História do hobby | Iniciantes | Ferreosfera | Livros | Documentação | Links | Atualizações | Byteria | Mboabas | Brasília | Home |