Planos Ferroviários
Distribuição das bacias hidrográficas
Flavio R. Cavalcanti
Embora encachoeirados na descida do planalto — para leste, oeste, norte
e sul — centenas de rios podiam ser considerados, pelos índios,
caminhos naturais para suas canoas. Eram, literalmente, igarapés
(igara = canoa; pé = caminho).
Portugueses, espanhóis, e a seguir paulistas — utilizando
os mesmos recursos — percorreram o território em todas as
direções, à procura de ouro e pedras preciosas.
Para suas canoas, e até barcos maiores, inúmeros rios
pareciam imensos.
Iniciadas as tentativas de viação regular — barcos
a vapor em conexão com estradas de ferro —, poucos rios se
mostraram realmente adequados ao tráfego durante o ano inteiro,
exceto mediante obras que estavam além das possibilidades
do Brasil e da economia de suas regiões do interior, naquele
momento.
Se a navegação é o meio mais econômico
de transportar cargas (sob o aspecto do combustível), o investimento
para superação de cachoeiras e regularização
do nível pode ser muito mais pesado do que a implantação
de uma ferrovia.
Exceto pela desobstrução do canal do rio Parnaíba
(Maranhão-Piauí), no tempo do Império, e um
pequeno trecho da futura hidrovia Jacuí-Ibicuí (Rio
Grande do Sul), nos governos militares de 1964-1984, os demais melhoramentos
fluviais derivam principalmente da implantação de usinas hidrelétricas
— eclusas em algumas represas do São
Francisco, Paraná, Tietê, Parnaíba, Tocantins.
Na maior parte das demais hidrelétricas, porém, embora
previstas, as eclusas nunca foram instaladas.
O sistema do Tietê - Alto Paraná tem sido o único
levado adiante de forma consistente — apesar de períodos
de interrupção de novas obras — através de
diferentes governos e regimes políticos, em especial a partir
da década de 1950.
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