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1882 - Planos Ferroviários
Plano Bulhões
Flavio R. Cavalcanti
Elaborado por uma comissão [A.
de Oliveira Bulhões, Firmo José de Melo e Jorge Rademaker
Grünewald] do I Congresso Ferroviário Brasileiro [organizado,
no Rio de Janeiro, pelo Clube de Engenharia], o chamado Plano Bulhões
dialogava com o ambiente burocrático, político e financeiro,
praticamente no mesmo nível do Plano
Bicalho, do ano anterior. Talvez por isso, assemelha-se bastante a
ele, como uma correção — sem intenção
de inovar e, muito menos, assustar.
Politicamente, admite:
-
o predomínio do Rio de Janeiro e Minas Gerais
sobre a Bahia, supondo-se não haver recursos para mais de uma
linha leste-oeste;
-
a prioridade da ligação direta com
Goiás e Mato Grosso, sobre uma Transamazônica
da Bahia a lugar nenhum — Porto Velho ainda mal existia;
-
a urgência de um Tronco Sul estratégico,
ligando a Côrte ao Rio Grande do Sul, sem delongas ou zig-zags;
-
o interesse de conectar o rio Paraná
ao Araguaia (eixo norte-sul), formando um entroncamento nas
proximidades do planalto central. É de se lembrar que,
a essa altura, o livreto
de Varnhagen [conselheiro
do Império] — resgatando as propostas de Hipólito
e Bonifácio,
e indicando a localização exata da futura capital
— já tinha 5 anos.
-
Parece deixar às províncias do Maranhão,
Pernambuco, Bahia, Paraná, São Paulo, Rio Grande do
Sul, o planejamento de suas próprias linhas de penetração,
como de interesse provincial. Sob esse aspecto, o Plano Bulhões
é estritamente Geral.
Tecnicamente, torna os troncos mais diretos, eliminando
algumas baldeações e zig-zags:
-
o tronco da Transnordestina vai direto a Teresina,
onde atravessa o Parnaíba no rumo de São Luís,
dispensando intercalar um trecho de navegação;
-
o tronco sul segue diretamente à província
de São Pedro [do Rio Grande
do Sul], dispensando o zig-zag e duas baldeações
para intercalar um trecho de navegação pelo rio Paraná.
É interessante observar:
-
a persistência na extensão da EF D.
Pedro II / EF Central do Brasil até o rio São Francisco;
-
a persistência da quarta "paralela"
(P4) de Rebouças, presente também
no primeiro esboço do Plano Ramos
de Queiroz — a mesma Leste-Oeste ressuscitada por Olacyr de Moraes
na década de 1980, e afinal transmudada em Ferronorte.
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